Viajar de carro com um animal não tem de ser um tormento

Mudança de casa, férias, fins de semana prolongados, idas a veterinários. Andar de carro com bichinhos exige cuidados específicos para garantir a segurança de todos. Para tornar esse momento mais confortável e seguro é essencial tomar algumas precauções.

A única vez que o pequeno Theo sai de casa é para ir, uma vez por ano, ao veterinário. Quando era pequenino, as viagens de carro não o atormentavam. Aliás, até adormecia. Mas, a partir de dada altura, os seus donos começaram a temer que lhe acontecesse alguma coisa. É que, assim que pousavam a transportadora no carro e arrancavam ele miava de uma forma tão aflitiva que os deixava em pânico. Além disso, largava muito pelo e suava imenso das patas. Um tormento para todos. O mesmo aconteceu quando tiveram de mudar de casa. Quando começaram a ler sobre o assunto, perceberam que não lhes acontecia só a eles. Se há gatos e cães que reagem bem às viagens, outros reagem muito mal. E a ansiedade que essa mudança na rotina lhes provoca pode, no limite, ser até fatal. Assim, a pergunta impõe-se: o que fazer para os ajudar, quando estas deslocações são mesmo imperativas?

Comecemos pelo básico. Viajar com animais exige atenção e planeamento para garantir que tanto eles quanto os passageiros permanecem seguros e confortáveis. O médico-veterinário António Bastos, da Clínica Veterinária do Carandá, em Braga, recomenda uma abordagem cuidadosa que envolve diversas vertentes. Desde a preparação do animal até às condições do veículo, visando minimizar o stresse e a ansiedade.

Um dos primeiros passos para uma viagem tranquila é preparar o bichinho, seja gato ou cão, para a experiência. “Há várias vertentes de atuação”, explica António Bastos. Entre as recomendações, destaca o uso de ansiolíticos, tanto naturais, quanto químicos, que devem ser administrados sempre sob aconselhamento e orientação veterinária. “Não faltam produtos naturais no mercado que podem ser dados dias ou horas antes da viagem, mas é essencial que o médico-veterinário esteja a par da situação para que indique o mais adequado”, afirma. Outra opção são os sprays com feromonas, que podem ser aplicados na transportadora ou no próprio carro em que será feita a deslocação. Esses produtos ajudam a reduzir os níveis de ansiedade do animal e facilitam a adaptação ao ambiente de viagem.

Além disso, uma preparação essencial é acostumar o animal à sua caixa de transporte antes da viagem. António Bastos aconselha que a caixa faça “parte do meio ambiente do nosso bichinho, para ele estar habituado a entrar e sair e não a associar a situações de stresse”. A familiarização prévia com a transportadora pode ser feita semanas antes, proporcionando-lhe a sensação de aquele ser um local seguro e confortável.

Durante o percurso, a segurança do animal e dos passageiros é prioridade. O veterinário lembra que o transporte deve ser feito de acordo com a lei, utilizando uma caixa adequada ou, caso o animal não a tenha, o uso de um peitoral com um cinto de segurança. E se o transporte puder ser feito num carro que tenha uma grade a separar a mala do condutor e os passageiros do animal, tanto melhor. Seja como for, reforça o especialista, “a caixa não pode dificultar a visibilidade do motorista e deve estar presa para não causar distrações”, alerta. E salienta que alguns modelos possuem mesmo um rasgo específico para passar o cinto de segurança, garantindo que os nossos amiguinhos permanecem estáveis e seguros.

Além disso, o ambiente do carro também desempenha um papel importante. O médico-veterinário sugere que, em alguns casos, cobrir a caixa com um pano pode ajudar, especialmente gatos e cães mais ansiosos. Outro recurso interessante são os já referidos sprays de feromonas, que podem ser borrifados no carro antes das deslocações. Têm um cheiro impercetível para os humanos, mas causam um efeito relaxante aos animais. Os mesmos produtos, no caso de mudança de casa, podem ser usados como difusores antes de o animal ir definitivamente para a nova habitação, ajudando-o a sentir-se em casa.

Evitar dar-lhe comida antes da deslocação também poderá prevenir enjoos. E se a viagem for muito grande, talvez não seja má ideia parar de vez em quando para lhe dar um pouco de água ou mesmo para que possa apanhar ar e fazer as suas necessidades.

Por fim, um conselho básico, mas de ouro. Nunca deixe o seu animal de estimação sozinho no carro, especialmente em dias quentes. O calor pode ser extremamente perigoso, mesmo com as janelas abertas. A segurança e o conforto devem ser sempre uma prioridade. Para todos, principalmente para os nossos amiguinhos.