Cirurgia pioneira desenvolvida na Escola de Medicina da Universidade do Minho e aplicada com sucesso em Braga.
Uma cirurgia pioneira para tratamento da atresia do esófago em recém-nascidos, desenvolvida na Escola de Medicina da Universidade do Minho (UM) e aplicada na Unidade Local de Saúde (ULS) de Braga, pela primeira vez, em março, coloca a instituição no top das mais inovadoras a nível mundial. O bebé, que sofreu a primeira de duas intervenções quando tinha apenas dois meses, encontra-se bem. O caso vai ser apresentado num congresso europeu da especialidade para divulgar a abordagem.
O serviço de cirurgia pediátrica da ULS de Braga recorreu a técnicas de vanguarda, minimamente invasivas, desenvolvidas por um núcleo de cirurgiões europeus nas várias edições do curso internacional de Cirurgia Fetal e Neonatal Endoscópica Minimamente Invasiva da Escola de Medicina da UM, para ajudar o pequeno Liam, que quase não tinha esófago, uma variante rara de uma malformação congénita que atinge um em cada quatro mil nascimentos.
A reparação “clássica” neste tipo de situações é fazer uma “substituição” por via aberta. Mas, neste caso, os médicos aproveitaram as pequenas porções de esófago junto à boca e estômago e, por toracoscopia, promoveram a tração interna dos segmentos para os ir aproximando. Depois de fazerem “crescer de forma acelerada o pouco esófago que existia”, foi possível “fazer a ligação”, conta Jorge Correia-Pinto, diretor do Serviço de Cirurgia Pediátrica da ULS de Braga e presidente da Escola de Medicina da UM, que liderou o processo.
O bebé foi transferido de Lisboa para Braga e a intervenção foi “um sucesso”. Poucas semanas depois, o paciente já “mama como um bebé comum”, acrescenta o médico, sublinhando que esta técnica representa “um grande avanço” no tratamento destas malformações. O caso vai ser apresentado, em junho, no congresso europeu da associação de cirurgiões pediátricos.
Catarina Barroso, médica-cirurgiã formada na Escola de Medicina da UM que integra a ULS de Braga, realça que, além de deixar menos cicatrizes (apenas três incisões de cinco milímetros no tórax), esta técnica menos invasiva permite “outros procedimentos, uma recuperação mais rápida e alta mais precoce”. “Foi um privilégio presenciar a inovação. Sabemos que estamos a trazer mais qualidade de vida a estas crianças”, conclui.