Empresas já manifestaram interesse em tecnologia que pode ter diversas aplicações. Do setor aeroespacial à biomedicina, passando pela proteção e combate a fogos.
Uma equipa da Universidade de Aveiro desenvolveu um sensor de diamante que mede radiação infravermelha e temperatura entre os -200 e os 450 graus Celsius. As aplicações podem ir desde o setor aeroespacial e biomedicina à proteção de bombeiros que combatem fogos. A tecnologia inovadora já foi submetida a patentes nacionais e a uma internacional.
O diamante é o material natural mais resistente que se conhece e é biocompatível. Se a isto somarmos o facto de os investigadores terem alterado a sua estrutura para que detete a radiação infravermelha, o que faz com que o sensor possa medir temperaturas com e sem contacto, as potencialidades são imensas.
Miguel Neto, que desenvolveu a tecnologia juntamente com Filipe Oliveira, Rui Ramos e Silva, Bernardo Tavares e Jacinto Alves, acredita que esta pode ter “aplicações em várias áreas”.
Por ser biocompatível, o diamante pode ser usado no interior do corpo para, por exemplo, “medir trocas de calor entre enzimas que forneçam informação médica”, explica Miguel Neto. No espaço, o facto de este tipo de sensores resistir a ambientes hostis pode ser uma vantagem, já que um dos problemas dos satélites, concretiza o investigador, “é que estão sujeitos a variações muito elevadas de temperatura”.
Mas também há trabalho a ser feito noutros campos, o que mostra a versatilidade da tecnologia. No passado, os investigadores conseguiram aplicações no revestimento de brocas e na medição da temperatura dos dentes para detetar se há fluxo de sangue. Mais recentemente, debruçaram-se sobre a proteção de quem combate fogos.
Foi criado um protótipo com o sensor aplicado a um capacete de bombeiros, que foi testado pelos voluntários de Espinho. A ideia foi criar um “sistema de alarme” para o combate a incêndios urbanos, pois o sensor não só mede a temperatura, mas identifica se há chamas. Miguel Neto diz que já foram abordados por uma empresa nacional e que estão a trabalhar para aplicar a tecnologia na monitorização e deteção precoce de incêndios em áreas rurais e florestais e em equipamentos de proteção individual no combate a fogos.
Entretanto, os investigadores também foram contactados por uma multinacional norte-americana para adequarem os sensores para satélites de comunicações.