O Governo anunciou, na última quarta-feira, que se preparava para emitir uma recomendação às escolas no sentido de não permitirem o uso de telemóveis nos recreios e salas de aula até ao 6.º ano.
Forte recomendação
A medida, que abrange todos os estabelecimentos de ensino do 1.º e 2.º ciclos do Ensino Básico (crianças até 12 anos), não é, para já, vinculativa, mas é apresentada como forte recomendação, com base em “evidências” e estudos internacionais que demonstram o impacto negativo nos mais novos. Em relação às escolas do 3.º ciclo, o Governo defende que estas devem tomar medidas para desincentivar o uso de smartphones.
2%
A percentagem estimada de estabelecimentos escolares que tinham decidido proibir a utilização de telemóveis até à recomendação agora feita pelo Governo.
Tendência geral
Por toda a Europa, são vários os casos de países que têm aderido à proibição. A França lidera o movimento, tendo já barrado os telemóveis nas escolas em 2018. Este ano, arranca, em 200 escolas, um teste para uma política ainda mais drástica: os alunos terão de deixar o telefone à entrada da escola, só o podendo recolher no final do dia. Também nos Países Baixos vigora a proibição no Ensino Secundário, sendo este ano alargada ao Básico. Em maior ou menor grau, registam-se restrições em muitos outros países europeus.
Pela proibição
Um dos principais argumentos defendidos por quem há muito pede que os telemóveis sejam excluídos do contexto escolar é o de a sua utilização ter um impacto social nefasto, com muitas crianças agarradas aos telefones durante os intervalos em vez de conviverem. Os especialistas apontam ainda efeitos negativos diretos e indiretos no sono, no sedentarismo, na obesidade, na visão. Além do risco de assédio digital.
Os argumentos contra
Do outro lado, defende-se que, havendo uma proibição, os alunos não aprenderão a autorregular o uso dos telemóveis nem utilizá-los de forma proveitosa. Há também quem lembre que o telemóvel pode ser uma ferramenta útil no processo de aprendizagem e peça, por isso, a regulação da sua utilização, ao invés da proibição. Uma parte dos pais não se conformam com o facto de ficarem impedidos de contactar com os filhos durante o dia.