Fernando Póvoas entrou no hospital sabendo que estava a sofrer um enfarte, depois de um primeiro alerta e de ter adiado um exame ao coração. Maria foi diagnosticada com um cancro na mama que há muito temia, fez quimioterapia, uma mastectomia dupla, retirou os ovários. Fernando Severino fumava mais do que um maço por dia e viu o coração dar-lhe um aviso aos 35 anos. Todos largaram a bata para passarem para o lado de lá da mesa do consultório e, na hora do aperto, fizeram-se bons doentes, cumpriram orientações, confiaram em quem os tratou.
A fama não o deixou escapar-se, a notícia soube-se num ápice, “apareceu em todos os canais de televisão”, mesmo que hoje tivesse preferido que assim não fosse. No ano passado, Fernando Póvoas, médico especializado em medicina desportiva e estética, hoje exclusivamente dedicado ao tratamento da obesidade, sofreu um enfarte do miocárdio. Conhecido como “médico dos famosos”, estava prestes a completar 70 anos e a festança que havia planeado acabou por ir por água abaixo. Mas a história começa duas semanas antes, durante uma caminhada com amigos em direção a Santiago de Compostela. “Estava a fazer os caminhos de Santiago quando senti uma dor fora do normal, compressões por trás do esterno, deixou-me logo umas suspeitas, mas sentei-me, fiz algumas manobras de respiração para aliviar. Pensei que talvez tivesse sido do pequeno-almoço, tinha bebido leite, podia ser azia. Ao fim de dez minutos já me sentia bem”, conta o médico. Só que a dúvida ficou a consumi-lo e à hora de jantar um amigo queixou-se do joelho, foi a oportunidade perfeita. “Disse-lhe que estava inflamado, que não podia continuar no dia seguinte para não agravar. O pobre rapaz não tinha nada no joelho, mas queria uma desculpa para ir embora, não queria dar parte fraca e dizer que era por mim”, lembra. Sugeriu que todos se solidarizassem com o amigo e que a caminhada ficasse por ali, “felizmente todos aceitaram”.
Mal chegou a casa, na Maia, pediu a um colega um exame ao coração, conseguiu marcação para daí a cinco dias. “Na véspera tive de ir para Lisboa, telefonei-lhe a adiar. Fiz mal, passado uns dias tive o enfarte.” E tem memórias nítidas daquela madrugada. Era 13 de maio, levantou-se às seis e meia da manhã com a mesma dor forte no esterno, desta vez irradiava para os braços, não teve dúvidas de que estava a sofrer um enfarte. Vestiu-se, rabiscou um bilhete para avisar a mulher que saíra para o hospital, foi a conduzir até ao Hospital de São João, o lugar onde se formou e onde começou a trabalhar há mais de 40 anos. Voltou como doente. Estacionou a uns 50 metros da entrada, não podia parar ali, o segurança já ia lançado na sua direção para lhe dar um sermão até que o reconheceu. “Entrei no hospital e passado meia hora já estava no bloco para fazer um cateterismo. Felizmente fui rápido, tinha a artéria das viúvas, como se chama nos homens por deixar muitas mulheres viúvas, com 97% de oclusão, o que podia ter resultado em morte súbita.” Como aliás aconteceu com o seu pai, de quem não conseguiu despedir-se, uma mágoa que guarda. Mas cometeu muitos erros até aqui. “Não tenho fatores de risco a não ser a genética, não tenho diabetes, hipertensão, obesidade, e a dor não voltou, por isso é que fui desvalorizando. Naquela madrugada a rapidez salvou-me a vida, mas o que fiz, ir a conduzir para o hospital, não se faz. Como médico é ainda mais grave, podia ter-me dado alguma coisa e ter comprometido a vida de outras pessoas.”
Ainda assim, aqui, ser médico talvez tenha sido mesmo a salvação. “O facto de ter consciência do que me estava a acontecer levou-me a agir rápido. Claro que um médico tem mais facilidade em perceber as consequências e o que fazer.” Póvoas esteve mais de um mês sem trabalhar. Pela primeira vez na vida, assume, foi um bom doente. “Normalmente, não sou um bom doente. Mando os outros fazer as coisas bem, mas quando é comigo costumo automedicar-me e mal sinto alívio deixo tudo. Pior, ralho com os meus doentes se não fizerem a medicação toda direitinha.” Desta vez, cumpriu todas as indicações meticulosamente durante um ano, foi o primeiro grande susto, não quis repetir a dose. Seis meses depois veio outro. Caiu na casa de banho, fraturou a coluna em dois pontos, “2023 foi um ano negro”. “Nunca tinha tido nada, costumava falar de papo cheio, em poucos meses perdi o pio. E quando estamos aflitos tornamo-nos bons doentes.” Procurou os melhores especialistas, confiou. Com a fratura da coluna, as limitações foram ainda maiores, andou de colete, a analgésicos e anti-inflamatórios, levantar-se da cama era um martírio, as dores arrastam-se até hoje.
Prometeu abrandar o ritmo, ainda não conseguiu, tem clínicas em nome próprio no Porto, em Lisboa e em Luanda, anda sempre num corrupio, num vaivém acelerado. Agora vai tentar trabalhar menos dias por semana, parar às sextas. “É que já fui novo, mas agora tenho 71 anos. Aos 70 caiu-me tudo em cima. Nunca mais fiz aquela festa de aniversário. Tinha 240 pessoas convidadas, o Paulo Gonzo ia cantar, os Calema também, tive de anular tudo. E eu que sempre gostei muito de fazer anos nunca mais tive vontade de festejar.” Este ano, só juntou os irmãos, os filhos, os netos e três amigos à mesa, entre eles Pinto da Costa. E a relação com os doentes? “O enfarte foi público e os doentes perguntavam-me se estava melhor, obrigavam-me a estar sempre a tocar no assunto. Ainda hoje me perguntam. Com a coluna já não foi divulgado, preferi assim. E é duro, estamos com dores e a termos de nos mostrar fortes perante os doentes, na consulta não podemos ser nós quem tem queixas.”
Na verdade, parece haver um manto de estigma no momento em que os médicos largam a bata e passam para o lado de lá da mesa do consultório para se depararem com uma doença aguda, grave ou crónica. Quando passam a ser eles os doentes. Entre os vários contactos que a “Notícias Magazine” fez, muitos foram os que recusaram dar a cara. Maria João Barros, psicóloga clínica e da saúde, reconhece que pode haver dificuldade para um médico em assumir a doença. “Porque é um cuidador, tem formação para cuidar e tratar dos outros, e terá mais dificuldade em assumir a fragilidade perante o mundo, eventualmente perante os colegas, dependendo da proximidade, e principalmente perante os utentes.” Embora, claro, esta seja sempre uma questão subjetiva, que depende muito da personalidade e história de cada um. Ainda assim, a psicóloga levanta uma dúvida: “Até que ponto é que o médico tem de partilhar com o seu utente que está doente? O médico está ali para cuidar, não é suposto dizer que está doente. Mas claro que se o utente soube da situação e tem uma preocupação genuína, também pode ser saudável essa partilha, mas sem fazer a consulta à volta disso.”
Voltemos atrás neste processo. Primeiro, a procura de ajuda. Nisso, a psicóloga tem mais certezas do que dúvidas. “Os profissionais de saúde têm alguma dificuldade em procurar ajuda numa consulta especializada quando surgem sintomas. E, muitas vezes, automedicam-se numa primeira abordagem, algo que é muito comum.” Depois, havendo um diagnóstico, “é quase inevitável que se vá procurar informação em sites especializados sobre causas da doença e possíveis tratamentos”. Sendo que isto já é algo transversal a toda a gente, não é exclusivo da classe médica. “Com uma diferença. Enquanto a maior parte dos utentes vai ao Google pesquisar e não tem capacidade de descodificar muita daquela informação ou sequer de perceber se a fonte é segura, os médicos vão diretamente às fontes fiáveis e dominam a linguagem científica.”
Um cancro, cirurgias, a gestão da doença
Maria, nome fictício – não por querer esconder a doença mas porque nunca contou aos três filhos pequenos -, “procurava artigos para saber se ia morrer e o que podia fazer para aumentar a probabilidade de as coisas correrem bem”. É médica de uma especialidade cirúrgica, foi diagnosticada há três anos com um cancro da mama triplo negativo, o subtipo mais agressivo e com pior prognóstico. “Sabia que estava entregue aos melhores profissionais, médicos e enfermeiros. Mas, na medicina, estão sempre a aparecer coisas novas, sei que o que é verdade hoje, daqui a seis meses já está ultrapassado. Para alguns tumores estão a surgir fármacos alternativos, ensaios clínicos, estava sempre a pesquisar e a perguntar ao meu oncologista se não tinha critérios para algum destes ensaios.” Se recuar no tempo, sabe que foi o facto de ser médica e a sua “neurose”, como lhe chama, que a salvou. Era ainda estudante de Medicina, quando, ao treinar a apalpação mamária em casa com familiares, descobriu um nódulo numa tia, a quem acabaria por ser diagnosticado um cancro da mama. “Na altura, questionei quem a estava a acompanhar se não seria aconselhável fazer um teste genético, disseram-me que não havia essa indicação. Mas desde então que fiquei com a noção clara de que tinha risco aumentado.” Começou cedo, por opção própria, a fazer ecografias mamárias todos os anos, “mais por gestão de ansiedade do que por ter indicação para isso”. Estávamos em plena pandemia, Maria prestes a fazer 40 anos, numa ecografia de rotina, a médica (que Maria escolheu por confiar cegamente e que diz ter-lhe salvo a vida) detetou uma lesão e quis fazer biópsia. O resto é um murro no estômago, um novelo duro de desfiar.
“Inicialmente, achei que era uma coisa pequena e localizada, que se retirava e pronto, mas quando vou à consulta, o médico diz-me que vamos programar a quimioterapia. Foi um choque.” A dor chega a ser sufocante, este tipo de cancro está muitas vezes associado a uma variante genética, avançou-se para estudo genético na família, quase todas as tias tinham o gene, “que além de dar risco aumentado de cancro de mama, tem risco de recidiva e também de desenvolver tumor no ovário”. A par da quimioterapia ao longo de seis infindáveis meses, Maria podia ter tirado só o nódulo, mas foi mais longe. Fez uma mastectomia dupla, tirou as duas mamas, cirurgia invasiva, violenta, mutilante. Ainda retirou os ovários, uma menopausa antecipada no meio do mar revolto que estava a viver. Tudo para reduzir a probabilidade de aparecimento de outros tumores. “A quimio foi uma recomendação formal, o resto era uma decisão minha. Tenho a certeza que foi a minha formação médica que me fez tomar esta opção. Deram-me toda a informação, todos os dados. Não quis esperar por ter outro tumor.”
Atravessou todas as dores, quase em simultâneo, de quimioterapia e cirurgias, colocação de próteses, muitas vezes com vómitos, sem conseguir comer, beber água, tomar banho, mexer os braços, sem contar aos filhos, o mais novo ainda não tinha um ano. Perdeu o cabelo, as sobrancelhas, as pestanas. Escolheu usar uma peruca de cabelo natural que se cola à cabeça e nunca se retira, para não correr o risco de os filhos a verem careca. Usou-a durante mais de um ano. Mas não conseguiu esconder dos colegas. “De repente deixei de aparecer, e isto sabe-se, fui tratada no hospital onde o meu marido e o meu pai trabalham, algumas pessoas que me trataram estudaram comigo na faculdade. Não quis gastar energias a esconder dos colegas, precisava delas para tudo o resto. Não falava sobre o assunto com a maior parte das pessoas, mas não escondi.”
No caminho das pedras, teve sempre medo de morrer, de deixar os três filhos sem mãe. Já tinha visto o irmão sucumbir às mãos de uma doença, pensava que os pais não podiam perder outro filho. Esteve um ano sem trabalhar, ainda que se vestisse sempre de manhã para despistar os filhos. Ainda chegou a ir trabalhar a meio do processo, para ocupar a cabeça, “mais como terapia ocupacional do que por ter capacidade”. Ao mesmo tempo, andava em consultas atrás de consultas, de aconselhamento genético, da mama, dos ovários, de oncologia. Como doente. “E não é igual. Ir ao hospital como doente é diferente. Estar na sala de espera era duro, eram as alturas em que me sentia mais doente, porque via nos outros o reflexo da minha doença. E eram quase sempre pessoas mais velhas.”
Quando voltou ao trabalho, alguns utentes abraçaram-na, contaram-lhe que rezaram por ela, Maria agradecia e virava rapidamente a agulha. “Então e você como é que tem andado?”, perguntava. “Percebia que souberam, que estavam preocupados, mas mudava logo de assunto. Sou uma pessoa fechada, não me sinto confortável a falar sobre mim e a consulta é dos doentes, é para falar dos doentes que estou lá. Além de que me deixava num lugar de fragilidade. Não tem a ver com perder autoridade perante o doente, mas para o bem dos doentes não quero estar emocionalmente instável, não sei se conseguiria tomar boas decisões médicas depois de perder a compostura emocional.”
Olhando para trás, foi sempre péssima doente, palavras dela. A velha máxima de que os médicos são os piores doentes parece ter adesão à realidade, mas perante um prognóstico grave, o cenário muda. “Com o cancro nunca me arrisquei, fui a melhor doente. E confiei.” Curiosamente, não costuma referir-se àquela época como “quando estava doente”, antes como “quando estava sem trabalhar”. “Porque não me via assim.” Tem 43 anos, em outubro completam-se três desde o diagnóstico, ainda mantém consultas de vigilância, está a terminar o processo de reconstrução mamária, começa a respirar de alívio. “Há um risco elevado de recidiva nos dois primeiros anos, que já passaram. Estou mais tranquila.” Mas há um antes e um depois de um cancro. “Mesmo enquanto médica, há uma série de pequenas coisas que antes não valorizava e que fazem a diferença. Na escolha de palavras, na gestão da ansiedade do doente. Tecnicamente sou a mesma médica, humanamente sou melhor, porque senti o que é estar do lado de lá.” Só guarda uma revolta difícil de apaziguar. “Quando descobriram o cancro na minha tia, se tivesse sido feito estudo genético, que na altura só se fazia em casos de doentes abaixo dos 40 anos, tinha sabido que tinha o gene e tinha eliminado o risco antes de ter o cancro, não tinha passado pela quimioterapia, não tinha ficado um ano sem trabalhar. Isso teria mudado a minha vida. Precisamos de passar da medicina curativa para a medicina de prevenção.”
Aos 35 anos, o coração avisou
Maria teve o azar aos 40, Fernando Severino foi ainda mais cedo, tinha apenas 35 anos. É médico de Medicina Geral e Familiar, já está reformado, mora em Viseu. E rebobina umas décadas até àquele fatídico dia. “Levantei-me de manhã para ir levar o meu filho à escola e, quando regresso a casa, sinto um desconforto ao nível do estômago, de enfartamento, um suor intenso, não habitual, deitei-me um pouco para ver se aquilo passava, mas vi logo que não ia passar.” Foi com a mulher levar o outro filho à escola e seguiram para o hospital em Viseu. Fernando era fumador, prefere não revisitar as contas agora, mas fumava, pela certa, mais de um maço por dia. “Chegado ao hospital, não fui à Urgência, porque conhecia os colegas todos que lá estavam, então pus-me à porta do serviço de Cardiologia a fazer uma asneira.”
Fumou ali o último cigarro da sua vida, imediatamente antes de entrar. Uma colega de passagem viu-o, pôs conversa, pediu logo o eletrocardiograma, Fernando garantiu-lhe que estava a ter um enfarte e perguntou qual era a sua cama antes mesmo de lhe dizerem o resultado do exame. Sabia que estava certo, por muito que não quisesse ter razão. Aos 35 anos, o coração fez-lhe um aviso. Passou cinco dias na Unidade de Cuidados Intensivos, outros cinco num quarto do serviço de Cardiologia. Não deixou que ninguém lhe tirasse os 19 cigarros e o isqueiro Zippo que levava no bolso do casaco. Saiu do hospital, voltou para uma consulta um mês depois, aí foi encaminhado para Vila Nova de Gaia para fazer um cateterismo, regressou a Viseu, devia ter ficado internado, não ficou, bateu o pé, estava a “dar em louco” ali enfiado. Deram-lhe alta na condição de que ficasse em repouso em casa. Assim fez. E ao fim de oito dias recebeu uma chamada para dar entrada em Coimbra para fazer cirurgia. “Mesmo sendo médico, o nosso cérebro bloqueia. Disseram-me que tinha de ser operado e fui sem pensar muito. Colocaram-me quatro bypasses.”
Confiou nos médicos, nos colegas. “Nunca questionei. Passei oito dias internado em Coimbra, num ambiente de grande camaradagem entre doentes, criou-se ali um microclima em que fiquei protegido, tanto que quando tive alta a minha vontade era ficar no hospital.” Até porque a chegada a casa foi o choque com a realidade que não queria ter. “Psicologicamente, fui-me muito abaixo. Chorava por dois motivos, por tudo e por nada. Não podia fazer isto nem aquilo, vi como foi duro para a minha família, sobretudo para a minha mulher, aí cai-nos a ficha.”
Em casa, se caminhava, cansava-se. Fazia exercícios respiratórios todos os dias, várias vezes por dia. “Porque me abriram a cavidade torácica para a cirurgia. E ao fim de um mês os pulmões ainda não estavam todos expandidos.” Ficou sem trabalhar três meses, ainda hoje sente que nunca mais foi o mesmo. “A verdade é que era uma pessoa que gostava de rir bastante e agora rio menos.” Os anos passaram, conta 67 anos acabados de fazer, nunca mais teve nenhum susto, também nunca mais fumou. Quando lhe perguntam como deixou, costuma responder: “Não queira deixar como eu deixei.” Antes do enfarte, já tinha tentado várias vezes, depois não teve outra hipótese senão a de largar os maços de tabaco e o seu adorado Zippo. “Passados sete anos, num jantar, estava toda a gente a fumar à minha volta e o bichinho voltou. Tive de sair de lá para o bicho ir embora. E ele foi, nunca mais me lembrei.”
Na altura, contou o que se passou aos doentes, até porque foram perguntando por Fernando quando esteve fora. “Nunca escondi nada. Sou um livro aberto. Até falo demais. Eles perguntavam e eu contava, foi uma coisa absolutamente natural.” Sendo médico de família, a relação é de proximidade. Esteve 38 anos no mesmo centro de saúde, em Viseu, passaram-lhe quatro gerações das mesmas famílias pelas mãos. “A muitos vi-os a nascer, a crescer, a casar e a ter filhos. A certa altura, torna-se família, acabava até a sofrer com as maleitas dos doentes.” Tem duas certezas na vida. Ser médico foi o que sempre quis e só espera não ter de voltar a ficar no hospital como doente.