O que se passa com a água das praias na costa e no interior?

Mais de 40 areais já estiveram interditos e 46 com banhos desaconselhados ou proibidos desde o início da época balnear. Fala-se em contaminação de vária ordem e causas por apurar. Pede-se prevenção e atenção a eventuais problemas em estações de tratamento.

De Norte a Sul, no Mindelo e na Falésia
A lista não tem parado de aumentar. Há uma semana, as praias da Poça e das Moitas, no concelho de Cascais, estavam interditas a banhos devido a contaminação por E.coli, ou seja, bactérias fecais na água. Em meados de julho, a praia da Falésia, concelho de Albufeira, teve a bandeira vermelha hasteada depois de detetados valores microbiológicos acima dos parâmetros na água do mar. Dias antes, as praias de Labruge e Mindelo, em Vila do Conde, estavam na mesma situação após casos de reação alérgicas na pele de banhistas. Mais recentemente, não se pôde ir a banhos na praia de Matosinhos durante cinco dias.

Má qualidade na costa e no interior
A associação ambientalista Zero dava nota de 41 praias interditas a 7 de agosto, 15 costeiras e 26 interiores, mais 13 do que no ano passado. “Nestas zonas balneares, as análises ultrapassaram os limites fixados tecnicamente a nível nacional relativamente a pelo menos um dos dois parâmetros microbiológicos que são avaliados”, referia no seu site, alertando para o agravamento da qualidade da água nas praias nesta época balnear. Nos Açores, as águas balneares classificadas do Pópulo, Milícias e Forno da Cal estiveram interditas por causa de uma mancha de óleo

664
é o número de águas balneares analisadas atualmente e cuja monitorização é analisada e reportada

Salmonelas, bactérias, estações, pastagens
Nem em todos os casos é possível saber a origem da contaminação da água das zonas balneares, mas há análises que detetaram a presença de salmonela e bactérias fecais. O que pode significar problemas em estações de tratamento de águas residuais. No interior, é necessário ter cuidado com as pastagens e sua proximidade a linhas de água. A Agência Portuguesa do Ambiente veio, entretanto, a público referir que, nesta altura, qualquer conclusão é extemporânea e especulatória.

Averiguar, refletir, prevenir
A Zero avisa que é importante analisar o que se pode fazer em termos de medidas de prevenção para evitar a contaminação das praias no verão. A associação defende que as causas devem ser averiguadas e que é essencial perceber por que razão o maior número de interdições é no interior – “locais mais suscetíveis a descargas, controlo de poluição difusa ou falta ou falhas na rede ou no tratamento de águas residuais”, refere. Além disso, é urgente apurar responsabilidades, processo em que a Agência Portuguesa do Ambiente e a Inspeção Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território têm um papel decisivo.