Universidade Católica lidera vários processos de integração e acompanhamento de novas tecnologias e inteligência artificial no ensino e na investigação. E está focada em mudar a forma como os profissionais de saúde abordam quem sofre com feridas crónicas. 12 de maio é Dia Internacional do Enfermeiro.
Utilizam-se algoritmos e usa-se a inteligência artificial. Investe-se na inovação e na investigação. A área da saúde tem muitos caminhos e a Universidade Católica Portuguesa (UCP) sabe disso. Paulo Alves, diretor da Escola de Enfermagem do Porto da UCP, coordenador dos projetos do Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde, fala sobre horizontes que se abrem, desafios e soluções para o futuro da Enfermagem. E da inovação e humanização no cuidado a tratar feridas crónicas.
“Numa era em que a tecnologia redefine os limites do possível, a nossa investigação no desenvolvimento de um Sistema de Apoio à Tomada de Decisão Clínica no Diagnóstico e Tratamento da Pessoa com Ferida Crónica, destaca-se como um farol de inovação e um desafio à compaixão”, refere.
A investigação da UCP integra algoritmos clínicos, inteligência artificial e tecnologia móvel. Técnicas e ferramentas de primeira linha que permitem análises detalhadas de imagens de feridas, bem como a utilização de algoritmos clínicos de modo a fornecer recomendações precisas e adaptadas ao nível do tratamento, o que melhora a qualidade dos cuidados e os resultados para os pacientes, além de reduzir tempo e custos. “A utilização de algoritmos e inteligência artificial nos nossos sistemas de apoio à decisão clínica não só melhora a precisão do diagnóstico, mas também garante que as recomendações de tratamento sejam personalizadas e baseadas nas melhores evidências disponíveis”, concretiza Paulo Alves, licenciado em Enfermagem, mestre em Administração e Gestão da Educação, doutorado em Enfermagem.
Há vários projetos de investigação em curso com recurso a tecnologias avançadas como a termografia, a medição de humidade transepidérmica e ultrassons, que integram ferramentas de inteligência artificial. Há outros aspetos igualmente importantes, como a personalização do tratamento e a atenção centrada na população mais vulnerável, sobretudo idosos e crianças. “Reconhecemos que a inovação tecnológica deve ser sempre acompanhada de uma profunda humanização. Crucialmente, a tecnologia é uma ferramenta nas mãos dos profissionais de Enfermagem que pode expandir o seu alcance e eficácia sem substituir o toque humano mais básico”, sublinha o responsável.
O que está a ser feito e qual a relevância dos passos dados? “A nossa investigação não apenas fornece ferramentas para melhorar a gestão de feridas crónicas, mas também molda a visão do que deve ser o enfermeiro moderno: um profissional que utiliza a tecnologia para potenciar a sua habilidade de cuidar, nunca esquecendo que no centro da decisão está a pessoa e suas necessidades”, afirma. Uma perspetiva de futuro. “Esta visão integradora, não disruptiva da evolução tecnológica, não só prepara os estudantes para o futuro da Enfermagem como também se foca na melhoria da qualidade de vida das comunidades mais vulneráveis, incluindo idosos e crianças, tendo a UCP diversos protocolos que lhe permitem aliar a transferência da investigação para o ensino e também para a comunidade, através de serviços de extensão universitária que envolvem o corpo docente, investigadores e estudantes.”
Os projetos de investigação incluem o desenvolvimento de recursos educativos que utilizam a inteligência artificial para simular diagnósticos e tratamentos, proporcionando uma formação prática para os estudantes de Enfermagem. Nas Escolas de Enfermagem da UCP, preparam-se, portanto, os alunos para o futuro com várias ferramentas para a prática clínica. João Alves é aluno de doutoramento em Enfermagem, está envolvido nos projetos, e partilha a sua experiência. “É incrivelmente gratificante saber que o nosso trabalho não só contribui para o nosso desenvolvimento profissional, mas também tem um impacto direto na vida das pessoas”, diz.
As competências interpessoais na formação dos estudantes, que enfrentam novos desafios enquanto futuros enfermeiros, são essenciais. A formação dos alunos das escolas de Enfermagem da UCP foca-se então numa abordagem centrada na pessoa, em que a empatia e a comunicação eficaz são tão importantes quanto as capacidades técnicas.
Paulo Alves, também especialista em Enfermagem Comunitária, envolvido em vários projetos de investigação nacionais e internacionais sobre nutrição, úlceras de pressão e na prevenção e tratamento de feridas, olha para o futuro. “O papel dos enfermeiros evolui constantemente. Eles são chamados a serem não só prestadores de cuidados, mas também especialistas tecnológicos, capazes de interpretar e utilizar dados complexos para a tomada de decisão.” “Esta dualidade de papéis representa um desafio, mas também uma oportunidade imensa para redefinir o cuidado de saúde como um serviço que é ao mesmo tempo altamente tecnológico e profundamente humano, mesmo em populações vulneráveis”, reforça.