
O objeto escolhido pela historiadora.
“William Morris, socialista romântico do século XIX, criou as artes decorativas sob o lema ‘tudo o que é útil deve ser belo e deve dar prazer a fazer, construir, desenhar’. Não queremos uma humanidade de operários a montar prateleiras Ikea, todas iguais, geométricas e que apodrecem à velocidade da remuneração dos capitais. Queremos que cada prateleira seja de madeiras nobres e seja desenhada e construída por um artesão com prazer em trabalhá-la. E terá a forma das suas mãos e do seu cérebro, únicos e irrepetíveis.
Operários de Todo o Mundo Uni-vos e Tornai-vos Artesãos! Esta é a minha prateleira William Morris, nascida dos pedaços de madeira que a minha mãe, Carolina, engenheira florestal, guarda, e das conversas dela com o nosso carpinteiro, o artesão Jorge. Na oficina, falámos sobre a família, a política e o frango na púcara, e, entre os três, decidimos que a prateleira nasceria desses pedaços de madeira.
Nasceu esta – ao estilo do Gaudí, com as curvas sensuais da árvore –, que a minha mãe e o Jorge conceberam, o Jorge construiu, e não poderia ter sido feita por uma máquina. O Jorge foi mais feliz nesse dia, como a minha mãe, claro, que sabe que tudo se transforma, e eu e todos os que aqui vêm a casa e admiram esta arte.”
Historiadora
46 anos