O maestro que uniu os músicos da diáspora

Dinis Sousa fundou e dirige a Orquestra XXI, um projeto premiado que espera internacionalizar nos próximos anos.

Nasceu no Porto e rumou a Londres mal terminou o Secundário, com o sonho de cursar Cinema na bagagem. Mas foi a música que conquistou Dinis Sousa. Tornou-se maestro e fundou uma orquestra, juntando profissionais que, como ele, cruzaram a fronteira para fazerem carreira.

Em terras de Sua Majestade, Dinis Sousa começou a ter uma “vida musical mais ativa”. Ouvia muita música à noite, ia a concertos, teve de preparar um recital e, no verão, ao fazer um curso de Direção de Orquestra em Leiria “por curiosidade”, rendeu-se. Percebeu que era “mais feliz” a dirigir, rodeado de músicos, e traçou um novo destino. Mas manteve-se em Londres, um local que o fascinava por ter um “mercado enorme”, que lhe daria oportunidades e experiência que em Portugal não acreditava serem possíveis.

Há pouco mais de uma década, Dinis Sousa fundou a Orquestra XXI – projeto vencedor do prémio FAZ-IOP 2013, que reúne músicos portugueses residentes no estrangeiro. Ao trocar ideias com amigos para novos projetos, percebeu que muitas vezes queriam trabalhar com músicos que viviam fora. E pensou: “Porque não reunir estes músicos todos que são imensos e são tão bons?”.

O projeto vingou e, em 2015, o maestro foi condecorado pelo presidente da República da altura, Aníbal Cavaco Silva, com o grau de Cavaleiro da Ordem do Infante D. Henrique.

“As pessoas tinham vontade de vir tocar no seu país, de partilhar a música com as famílias, amigos e comunidades que os viram crescer”, sem terem de deixar de lado tudo o que já haviam conquistado nos destinos para onde tinham emigrado, explica Dinis Sousa, salientando que o sucesso se deve à “dedicação e disciplina” dos músicos, pois existe alguma rotatividade, o que torna a orquestra distinta em cada digressão.

A Orquestra XXI tem-se apresentado em Portugal com regularidade. No mês passado, por exemplo, tocou no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, no Cine-Teatro Garrett, na Póvoa de Varzim, e no Mosteiro de Alcobaça.

O maestro não esconde que está “muito orgulhoso” do trabalho e acalenta o desejo de “internacionalizar” esta orquestra nos próximos anos. “Para além de levar a Portugal os nossos músicos, um próximo passo bonito seria levá-los fora, representando Portugal além-fronteiras”.

Mas esta é apenas uma parte da vida de Dinis Sousa, que desde 2021 assume o lugar de maestro principal da Royal Northern Sinfonia, em Newcastle, Reino Unido. Trata-se de um lugar de “prestígio”, mas o mais importante é que desde início sentiu que havia uma “química ótima”, o que se reflete nos concertos que têm dado.

O maestro trabalhou com Sir John Eliot Gardiner e, no último ano, tem-se apresentado com os seus agrupamentos, nomeadamente o Monteverdi Choir. Pontualmente, também tem dirigido outras orquestras. Na temporada do próximo ano, tem concertos previstos um pouco por toda a Europa.

Dinis Sousa
Localização Newcastle, Reino Unido
Profissão Maestro
Idade 36 anos