Jorge Chaminé nasceu no Porto e fixou-se em Paris, de onde se tem feito ouvir em todo o Mundo. Porque a música pode ter lugar em óperas de renome e em locais improváveis.
Figura de destaque da lírica internacional, o barítono português Jorge Chaminé já percorreu o Mundo a cantar nos palcos mais prestigiados. Mas também fez ouvir a sua voz em campos de refugiados e em prisões. Considera a música essencial à sociedade e, em sua defesa, criou o Centro Europeu de Música e tem-se desdobrado em ações, que já lhe mereceram distinções.
Desde o berço, no Porto, que a música tem sido uma constante na sua vida. Vem de uma família melómana. “Avô materno célebre compositor e intérprete de Fado de Coimbra, apelidado de ‘Rouxinol do Norte’ e a minha iniciadora musical, a pianista Maria Teresa Xavier, minha tia materna”, descreve, para explicar que o interesse pela música foi manifestado desde muito cedo e “nunca se esgotou”.
Depois da formação em Direito, na Universidade de Coimbra, e de estudos em canto, piano e violoncelo no Conservatório de Música do Porto, percebeu que teria de deixar Portugal para se dedicar à música. Rumou a Paris, “etapa quase obrigatória para os músicos portugueses” nos finais dos anos 1970. Ali encontrou o seu “porto de ancoragem”, apesar de também ter vivido noutros países.
Ao longo da sua carreira, Jorge Chaminé percorreu os maiores palcos mundiais e, em simultâneo, desenvolveu outros esforços em defesa da música. Entre muitas outras ações, fundou e preside ao Centro Europeu de Música, um projeto holístico que reúne no seu Conselho Científico 14 disciplinas diferentes que trabalham sobre a transdisciplinaridade que a música e as suas múltiplas virtudes permitem. Foi Embaixador de Boa Vontade da organização Music in ME, nomeado Músico para a Paz pela organização Music for Peace, recebeu, entre outras condecorações, a medalha dos Direitos Humanos da UNESCO, o Prémio Europeu “Helena Vaz da Silva” em 2023 e, mais recentemente, viu ser-lhe atribuída a Medalha de Honra da Cidade do Porto.
No Carnegie Hall, Ópera de Paris, Concertgebouw de Amesterdão ou junto da Filarmonia de São Petersburgo, viveu “momentos inesquecíveis”. Mas o que mais o marcou foi a oportunidade de atuar “para públicos diferentes e em lugares inusuais”, como nas favelas do Rio de Janeiro, no Brasil, na Casa dos Escravos na Ilha de Gorée, no Senegal, em campos palestinos, no Líbano e na Síria, em hospitais para doentes terminais ou em prisões de alta segurança para condenados à morte, nos EUA.
“Aí percebi o quão a música é importante, diria mesmo essencial.” Jorge Chaminé garante que, até ao “último suspiro”, continuará a “lutar pelo reconhecimento da importância da música para a sociedade”, pois não o satisfaz o “reduzido espaço de entretenimento ao qual a nossa sociedade cada vez mais a condena, fazendo dela um simples divertimento”. E deixa um conselho: “Escutemos a música, pois assim ouviremos a vida”.
Jorge Chaminé
Localização Paris, França
Profissão Barítono
Idade 68 anos