Novembro azul

O Consultório Médico desta semana por Paulo Lima Pereira, médico de família (medicina geral e familiar).

Quando devo fazer o rastreio do cancro da próstata?
José Silva

Mês da campanha “Movember”, que assume o bigode como sua imagem de marca, novembro é o mês dedicado à prevenção e diagnóstico precoce do cancro da próstata.

Apesar de ser uma neoplasia frequente, a sua mortalidade é baixa, sendo uma doença de evolução habitualmente lenta e silenciosa. Quando se torna sintomática, é provável que já se encontre em fases mais avançadas. O ideal será diagnosticar precocemente, antes do aparecimento de sintomas.

É imperioso que os homens estejam atentos a um conjunto de sintomas, tais como dificuldades na micção; urinar mais vezes (sobretudo, de noite); incontinência urinária e a presença de sangue na urina. Estes sintomas, embora possam ter outras causas, em particular se associados a uma história familiar positiva, devem ser valorizados para se fazer o despiste do cancro da próstata.

Atualmente, não existe nenhum programa de rastreio instituído para o cancro da próstata, como existe para o cancro da mama, colo do útero e colorretal. Isto acontece porque não existe demonstração inequívoca de que seja eficaz na redução da morbilidade e mortalidade da doença e porque, para já, não conseguimos saber quais os cancros que serão agressivos (uma percentagem reduzida deles) ou se, pelo contrário, serão dos que nunca se iriam manifestar ao longo da vida por terem uma evolução bastante lenta.

Ainda assim, existem exames como o toque retal e o doseamento do PSA (antigénio específico da próstata) que facilitam a deteção precoce deste problema.

Eventuais alterações nestes dois parâmetros devem ser interpretadas pelo seu médico, pois nem sempre estarão associadas a cancro, podendo ser manifestação de outras doenças ainda mais frequentes, como a hiperplasia benigna da próstata.

Poderão ser úteis outros exames de diagnóstico, específicos e dirigidos ao seu caso em particular, para que possa ser feito o diagnóstico ou a sua exclusão.

Em última instância e à semelhança das outras decisões que envolvem a sua saúde, principalmente por não haver um consenso sobre o tema, a decisão de fazer este “rastreio” é sua e deve ser sempre tomada em conjunto com o seu médico, tendo em conta os riscos e benefícios para o seu caso em específico.