Morte de Odair deixa periferia lisboeta a ferro e fogo

Lisboa 22/10/2024 - Confrontos no Bairro Zambujal (Rita Chantre / Global Imagens)

Cabo-verdiano de 43 anos foi mortalmente atingido por um agente da PSP no Bairro do Zambujal, na Amadora. O caso serviu de rastilho a uma onda de tumultos.

Uma morte, várias versões
O que se passou exatamente na madrugada de segunda-feira em que Odair Moniz foi morto está ainda por esclarecer. O cabo-verdiano terá sido abordado por uma patrulha da PSP perto da Cova da Moura, alegando a PSP que este fugiu para o interior do Bairro do Zambujal e que, já depois de se despistar, terá resistido à detenção. Inicialmente, foi avançado que a vítima circulava num carro furtado e que tinha tentado agredir dois polícias com recurso a uma arma branca. Ambas as teses se revelaram, entretanto, pouco credíveis.

Crescendo de desacatos
O caso incendiou a periferia lisboeta, num crescendo de protestos. Veículos e contentores incendiados, polícias e civis feridos, e até uma emboscada a um veículo da PSP foram algumas das dezenas de ocorrências registadas na sequência da morte de Odair, numa onda de desacatos sem precedentes. Os tumultos começaram no Bairro do Zambujal, mas rapidamente se alastraram a outras zonas da Amadora e a outros concelhos, como Oeiras, Odivelas, Loures, Cascais, Sintra e Seixal.

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Foi o número de disparos efetuados pelo agente que visou Odair, dois para o ar, dois na direção do cabo-verdiano.

Polícia arguido
Entretanto, o agente da PSP que matou Odair Moniz foi constituído arguido e viu a arma de serviço apreendida. A Inspeção-Geral da Administração Interna também abriu um inquérito.

Chega incendeia
As declarações de várias figuras do Chega vieram incendiar ainda mais os ânimos. André Ventura disse que “devíamos agradecer” ao polícia que vitimou Odair. Pedro Pinto, líder do grupo parlamentar do partido, defendeu que se os polícias “disparassem mais a matar, o país estava mais na ordem”. E Ricardo Reis, um assessor, tweetou: “Menos um criminoso… menos um eleitor do Bloco”. As tiradas motivaram a apresentação de uma queixa-crime, por parte de um grupo de cidadãos.