Miguel Cruz liderou desenvolvimento do modelo Vesta Mark 2 no CSIRO, um organismo de pesquisa científica.
Miguel Cruz, um especialista em fogos florestais radicado na Austrália, ajuda a desenvolver modelos de previsão de propagação das chamas. Os dados que recolhe em situações reais, fogos controlados, satélites e agências podem ajudar a salvar vidas e bens.
Oriundo de uma família do Minho, formou-se em engenharia florestal, na Universidade de Coimbra. Foi lá que despertou o seu interesse pela “gestão dos fogos e proteção da floresta”. Ainda trabalhou uns anos com Xavier Viegas, que faz investigação sobre incêndios, antes de partir para os EUA, onde fez um doutoramento na área. Regressou a Portugal, mas não conseguiu colocação e, um ano depois, rumou à Austrália.
Miguel trabalha no CSIRO – Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation, um organismo nacional de pesquisa científica na Austrália que lhe confiou a liderança do Vesta Mark 2. Trata-se de um modelo de previsão de propagação de fogo que permite perceber, com elevada precisão e numa grande variedade de condições, a velocidade potencial que as chamas podem atingir na paisagem.
Este é dos maiores projetos em que já esteve envolvido. Foi utilizado no terreno, pela primeira vez, em 2000, mas está em “aperfeiçoamento contínuo”, adianta o especialista, explicando que para o desenvolvimento deste tipo de modelos são precisos dados de diversas fontes. As informações são recolhidas em incêndios reais, em experiências de fogo controlado, junto de agências que trabalham na supressão dos fogos ou, até, de forma remota (satélite ou aviões).
A informação destes modelos preditivos, refere Miguel Cruz, “é usada pelos meios que fazem a supressão, para saberem para onde devem enviar meios para combater o fogo de forma segura e para avisar as populações”, que podem ter de ser evacuadas.
Na Austrália, explica, “há um historial longo de perda de vidas humanas, com números significativos em anos passados”. Em 2009, em Victoria, 173 pessoas morreram em incêndios, num dia que ficou conhecido como “black saturday” (sábado negro).
Calcula-se que as alterações climáticas, que afetam o Planeta, levem a uma “maior frequência de fogos de intensidades elevadas”, a “épocas de fogos mais alargadas” e a “mais dias com condições extremas” de tempo. Tudo isto faz com que os modelos que desenvolve tenham grande relevância e que a propagação do fogo seja uma área na qual deseja continuar a trabalhar.
Atualmente, Miguel Cruz está focado em modelos para prever o comportamento de fogos controlados. A ideia é permitir um maior uso deste tipo de fogo, de forma segura, na gestão da paisagem.
Miguel Cruz
Localização: Camberra, Austrália
Profissão: investigador especialista em fogo
Idade: 55 anos