O sabor ligeiramente amargo e terroso dá-se bem com receitas doces e salgadas e a sua riqueza nutritiva é um ponto a favor. Veio do Japão e está para ficar.
A sonoridade é oriental como as suas raízes. Matcha, ingrediente que vem de uma planta que dá origem ao chá verde e ao chá preto. Acredita-se que terá sido utilizado pela primeira vez no Japão há mais de 900 anos. Vem de folhas colhidas, cozidas no vapor, secas e moídas. Entrou no Ocidente e conquistou um lugar à mesa. Quais são as propriedades deste tipo especial de chá verde?
A nutricionista Magda Roma destaca-lhe as características nutricionais: rico em antioxidantes, cafeína, vitaminas do complexo B, minerais como magnésio e potássio, fitonutrientes e clorofila. “Estas propriedades fazem do matcha uma bebida com ação antioxidantes, estimuladora do metabolismo, protetora do aparelho cardiovascular”, refere. E a clorofila, pigmento que atua como desintoxicante natural, ajuda o corpo a eliminar toxinas, coisas que fazem mal.
A lista de virtudes é extensa. Gonçalo Botelho, especialista em Medicina Geral e Familiar e Medicina Preventiva e Funcional da Clínica Pilares da Saúde, fala da riqueza nutritiva deste chá. “Os compostos fenólicos que o constituem, nomeadamente as catequinas, têm um largo poder antioxidante e anti-inflamatório, contribuindo para a prevenção do cancro e do envelhecimento precoce e para a melhoria do sistema imunitário”, adianta. Esse poder, realça, protege as células do fígado e a saúde da pele, previne problemas cardiovasculares, melhora o humor e diminuiu a ansiedade e a insónia.
Relaxa o corpo. Melhora o foco e a concentração, acrescenta Magda Roma. “A combinação de cafeína e L-teanina promove um estado de alerta calmo, não comprometendo a saúde cardiovascular e, simultaneamente, melhora a função cognitiva.” Com dose e medida, naturalmente. “O matcha é considerado benéfico para a saúde quando consumido moderadamente”, avisa a nutricionista.
Gonçalo Botelho também chama atenção para este ponto até porque o matcha tem teína, composto semelhante à cafeína, que pode provocar tremores, palpitações, dores de cabeça, azia, diarreia, quando ingerido em excesso. “Pessoas com défice de ferro no organismo ou já com anemia não devem consumir matcha, uma vez que reduz ainda mais a absorção de ferro”, avisa o médico. Por outro lado, faz bem aos dentes e às gengivas e combate a obstipação intestinal.
A versatilidade na cozinha é digna de registo. O sabor levemente amargo e terroso combina em receitas doces e em pratos salgados. Magda Roma avança com alguns exemplos, desde a maneira tradicional, isto é, de misturar com água quente e já está, a bolos, gelados, mousses, biscoitos e brownies de matcha, na parte dos doces. Nos salgados, em pães, massas, molhos e temperos. “No lugar de utilizar água nos sumos, utilize o matcha pela receita tradicional e arrefecido, não só dá mais nutrição ao sumo, como é mais uma forma de ingerir matcha no seu dia”, sugere.
Chá quente ou frio ou adicionado a várias comidas, é ingrediente flexível, como se vê. O médico Gonçalo Botelho faz, porém, uma observação. “Ressalvo que colocar matcha em bolachas, bolos ou gelados não compensa os malefícios de ingredientes como açúcar refinado.” A ideia é optar por receitas saudáveis para maximizar os benefícios que se podem retirar do matcha. Há muito por onde explorar.