Investigadores desenvolvem tecnologias para controlar a desinfeção da água

Projeto H2OforAll une investigadores europeus no desenvolvimento de tecnologias de desinfeção e monitorização da qualidade da água. Sensor inovador já foi instalado em Coimbra.

Investigadores da Universidade de Coimbra estão, em parceria com colegas e empresas de mais nove países europeus, empenhados em desenvolver tecnologias de monitorização da qualidade da água de consumo doméstico, proteção das fontes de água potável e redução da quantidade de produtos de desinfeção. A água que consumimos atualmente não tem problemas, mas é preciso acautelar a sua qualidade num contexto de aumento da poluição e alterações climáticas.

O projeto H2OforAll, que arrancou em 2022 e está a decorrer até 2025, já deu passos concretos. Em julho, permitiu a instalação de um sensor inovador no sistema de distribuição da empresa municipal Águas de Coimbra. Tem a capacidade de monitorizar a concentração de 14 produtos de desinfeção secundários – que resultam da interação de químicos presentes na água com o cloro usado para a desinfeção de contaminantes microbiológicos – que podem ter impacto na saúde humana. Antes, o sensor foi testado e otimizado à escala laboratorial.

Em simultâneo, os investigadores estão a fazer testes de toxicidade, para apurar o real impacto de diversos destes componentes secundários na saúde humana e no meio ambiente. E a atuar na fonte, procurado remover os contaminantes precursores de produtos secundários de desinfeção e a testar alternativas de desinfeção da água – que passam, por exemplo, pelo uso de radiação ultravioleta e tecnologias capazes de remover produtos secundários de desinfeção quando a sua produção não pode ser evitada.

A água que consumimos em nossas casas hoje em dia “é de grande qualidade”, assegura Rui Martins, o investigador da Universidade de Coimbra que lidera o projeto H2OforAll. Mas, face à crescente poluição dos cursos de água e às alterações climáticas, receia-se que a “qualidade da água captada seja cada vez menor”, obrigando a um uso mais intensivo de produtos desinfetantes, como o cloro. Este cenário torna urgente desenvolver novos métodos e tecnologias que garantam que a água que chega às nossas torneiras é “segura”.

O projeto, que envolve também investigadores e empresas da Alemanha, Bélgica, Chipre, Espanha, Israel, Países Baixos, Polónia, Reino Unido e Suécia, conta com um financiamento de quatro milhões de euros atribuídos pela União Europeia no âmbito do programa Horizon Europe.