Influenciar as pessoas para preservar o ambiente

Investigador recorre ao marketing para alterar os comportamentos humanos que ameaçam o Planeta.

A luta pela conservação da Natureza tem de incluir as pessoas. A convicção enraizou-se de tal forma em Diogo Veríssimo que rumou ao Reino Unido em busca de ferramentas. Porque urge mudar os comportamentos que colocam o Planeta em risco.

O percurso de Diogo Veríssimo começou com uma licenciatura em Biologia Ambiental na Universidade de Lisboa e um trabalho, em simultâneo, no jardim zoológico da capital portuguesa. Foi aí que “ficou muito claro que a conservação da Natureza e da vida selvagem só teria impacto se trabalhasse com pessoas”. “As ameaças ao meio natural advêm de comportamentos humanos” e é preciso trabalhar no sentido de influenciar mudanças, para que o futuro “seja mais sustentável”.

O investigador decidiu “focar” mais o seu trabalho, adicionando à conservação uma componente de ciências sociais, e, aos 22 anos, emigrou para o Reino Unido, para estudar na Universidade de Kent. Seguiu-se a gestão de um projeto de conservação de tartarugas-marinhas, na Costa Rica, mas, dois anos depois, voltou à academia, para dar seguimento à formação, com um doutoramento apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Afinou ainda mais o foco e adotou o marketing social como a disciplina através da qual iria continuar a lutar pela proteção do meio ambiente.

Ao longo da carreira, o agora investigador da Universidade de Oxford tem apoiado projetos que visam a redução do consumo de carne de tartaruga em São Tomé e em Cabo Verde. Tenta, com ONG locais, influenciar o comportamento de quem usa o pangolim (da carne às escamas), no Vietname e na Zâmbia. Nas Caraíbas, lutou para que os papagaios não fossem enjaulados como animais de estimação. Na Índia, procurou chamar a atenção para a necessidade de limitar a caça de uma espécie de falcão. O comércio ilegal de espécies selvagens ameaçadas, assim como a poluição dos oceanos com plástico, também mereceram o seu empenho. E, em Portugal, apoia um aluno de doutoramento que se debruça sobre a coexistência dos humanos com linces e lobos.

Entre outras ações, preside ao Grupo de Trabalho Científico para Mudança de Comportamento da Comunicação da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e cofundou o Grupo de Trabalho de Marketing de Conservação da Sociedade para a Biologia da Conservação.

Em 2017, foi reconhecido pela Sociedade de Biologia da Conservação com o prémio de Conservacionista em Início de Carreira. No ano anterior havia sido a Comissão de Educação da IUCN a distingui-lo como Jovem Profissional.

Não descansa, até porque é preciso continuar a “inovar” para mudar comportamentos humanos que colocam o Planeta em risco. Por esta altura, é vê-lo a lançar mão a jogos, redes sociais, documentários, realidade virtual e outras ferramentas de comunicação, que sejam apelativas aos humanos, para defender a Natureza.

Diogo Veríssimo
Localização Reino Unido
Profissão Investigador
Idade 40 anos