
Projeto Liquid3D, da Universidade de Coimbra, quer fazer a transição de uma eletrónica rígida para uma macia.
Imprimir componentes para tornar os robôs “macios” (soft robots) mais eficientes vai ser possível, graças ao projeto Liquid3D, que o investigador Mahmoud Tavakoli, da Universidade de Coimbra, está a liderar. A transição de uma eletrónica rígida, poluente e dependente de baterias para uma macia, autoalimentada e reciclável será uma revolução que permitirá a outros cientistas aplicações concretas.
“Hoje em dia, quando querem construir robôs, mais concretamente soft robots, ou seja, feitos de material macio ou mole, os cientistas têm de juntar sensores, baterias e outros componentes que estão separados”, para construir a máquina, o que acarreta perdas de “eficiência”, explica Mahmoud Tavakoli, diretor do Laboratório de Soft and Printed Microelectronics do Instituto de Sistemas e Robótica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que conseguiu uma bolsa do European Research Council para desenvolver o projeto Liquid3D, eletrónica de matéria macia (soft-matter) bioinspirada, impressa em 3D, com base em compostos de metal líquido: ecológico, resiliente, reciclável e reparável.
Com o Liquid3D, a intenção é conseguir imprimir os componentes, para ajudar a resolver esse problema. Mas, para isso, é necessário desenvolver ligas de metal líquido (à temperatura ambiente) que sejam funcionais, por conseguirem armazenar energia ou possuírem outras características importantes. Estes materiais têm de ser elásticos, têm de ter viscosidade para serem impressos e devem ser recicláveis.

Ao derrubar esta dificuldade, o Liquid3D irá redefinir a eletrónica e a robótica, permitindo que muitos projetos de investigação aplicada nestas áreas avancem.
O Liquid3D arrancou em 2023 e deverá ficar concluído em 2027. Conta com um financiamento de 2,8 milhões de euros, verba que permite a aquisição de equipamentos e a constituição de uma equipa com especialistas em diferentes domínios. Tem uma forte ligação ao Programa Carnegie Mellon Portugal, daquela universidade norte-americana, que tem projetos de investigação nas áreas da eletrónica vestível, dispositivos eletrónicos flexíveis, produção de circuitos elásticos e têxteis eletrónicos para monitorização em saúde e biomarcadores digitais.