Castro Almeida: de trabalhador-estudante a ministro

Castro Almeida é ministro Adjunto e da Coesão Territorial

Foi duas vezes secretário de Estado e lidou com um dos casos mais polémicos dos governos de Cavaco Silva. Ex-presidente da Câmara de São João da Madeira, esmagou Pedro Nuno Santos numas autárquicas.

Quando os ministros da Agricultura, José Manuel Fernandes, e da Cultura, Dalila Rodrigues, admitiram a hipótese de reversão do processo de extinção das direções regionais, Castro Almeida, ministro Adjunto e da Coesão Territorial, foi firme e garantiu que os poderes dessas estruturas não sairão das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR). E assim cortou cerce uma possível divisão dentro do Governo de Luís Montenegro.

Castro Almeida nasceu em São João da Madeira, onde fez o percurso escolar. Com apenas 16 anos, começou a vida profissional como auxiliar administrativo na Câmara Municipal da cidade natal. Não interrompeu os estudos, mesmo quando entrou na faculdade para cursar Direito na Universidade de Coimbra, que completou com o estatuto de trabalhador-estudante. Viviam-se os primeiros anos de democracia e desde cedo sentiu afinidade pelo PPD/PSD, em particular atraído por Francisco Sá Carneiro. Filiou-se e em 1982, com apenas 25 anos e já licenciado, ascendeu à categoria de técnico superior na autarquia sanjoanense. Ganhou projeção e foi nomeado administrador da CCDR-Norte.

Chegou pela primeira vez a deputado em 1991, ano da segunda maioria absoluta de Cavaco Silva. Apesar de novato no Parlamento, foi vice-presidente da bancada social-democrata. “Teve uma ascensão rápida porque se destacou pela competência, empenho e profundo conhecimento técnico e político dos assuntos em discussão. Nunca era apanhado desprevenido porque se preparava bem”, recorda um ex-colega parlamentar.

O trabalho de Castro Almeida mereceu a atenção de Cavaco, outra das suas referências, que o puxou para o Governo, num processo de remodelação que o fez secretário de Estado da Educação e Desporto, em 1993. Respondeu diretamente à ministra da Educação, Manuela Ferreira Leite, e lidou com o famoso caso da “retrete das Antas”, em 1994, quando as Finanças emitiram um auto de penhora ao F. C. Porto por valores devidos ao Fisco e à Segurança Social. Os dragões apresentaram como resposta duas cadernetas prediais, uma delas contendo um espaço que servia de casa de banho dos árbitros, que acabou temporariamente nas mãos do Estado. O caso encheu manchetes de jornais, com Castro Almeida no olho do furacão ao ser acusado por figuras do futebol de quebrar a promessa de não autorizar penhoras enquanto estivessem a decorrer negociações com o Executivo para a regularização dos problemas de dívidas dos clubes. “Foi um tempo difícil em que mostrou tenacidade, mesmo quando era atacado por todos os lados, por vezes de forma violenta”, lembra outro antigo deputado do PSD.

Depois da derrota do PSD nas legislativas de 1995, Castro Almeida regressou ao Parlamento, sempre com São João da Madeira como base. É lá que mantém casa e vai praticamente todas as semanas, para rever a família e os amigos de sempre, que gosta de reunir à mesa em longas tertúlias sem hora de término marcada. Desfiado a concorrer à liderança do município nas autárquicas de 2001, arranca uma vitória clara (44,6%), roubando a liderança ao CDS, que detinha o cadeirão presidencial desde 1985. Reforçou a maioria em 2007 (56,2%) e repetiu-a em 2009 (55,9%), esta última tendo como adversário principal o agora secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.

Após deixar a Câmara ao atingir o limite de mandatos, regressou à vida profissional. Por pouco tempo. Noutra remodelação governamental, dessa feita em 2013, o então primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, designou-o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional.

Com o PSD novamente na oposição, foi vice-presidente durante a liderança de Rui Rio, em 2018, função que abandonou apenas um ano depois por divergências com a linha orientadora do partido. Regressou à atividade privada, mas o apelo político foi mais forte quando Luís Montenegro o convidou para ministro após a vitória da AD nas eleições de 10 de março. Aceitou à primeira.

Cargo: Ministro Adjunto e da Coesão Territorial
Nascimento: 28/10/1957 (66 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (São João da Madeira)