Projeto une Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros e empresas na criação de novo material, que no final poderá ser compostado.
Há um projeto que quer aproveitar os caroços de azeitonas para fazer formas de sapatos tão amigas do ambiente, que no final poderão ir para compostagem. Dá pelo nome de Olivepit e junta o PIEP – Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros, localizado em Guimarães, e as empresas Safiplás, Sovena e Flexaco. A intenção é lançar o produto no mercado já no próximo ano.
Ao olharem para os caroços de azeitona que sobravam da produção de azeite da Sovena, os investigadores perceberam que poderiam, se combinados com um biopolímero, dar origem a “novos produtos, ecossustentáveis, de valor acrescentado”, explica Bruno Silva, coordenador de Economia Circular e Ambiente do PIEP, salientando que os caroços costumam ser descartados ou usados como biomassa e que as formas que as pessoas colocam dentro dos sapatos para que não se deformem enquanto estão guardados são geralmente feitas de madeira ou plástico.
Neste momento, os investigadores já conseguem incorporar 25% de caroço no novo material e estão a tentar aumentar essa percentagem para 30%. O biopolímero também está a ser trabalhado, para que a nova formulação, ou seja, o novo material, seja compostável em 60 dias, um fator importante, já que as centrais em Portugal funcionam com este período de tempo, ao contrário das de outros países na Europa, que são a 180 dias.
Pretende-se que a nova forma tenha a flexibilidade e resistência necessárias para que, ao ser introduzida no interior do sapato, dê a sustentação adequada. E que, no final do ciclo de vida, possa ser colocado no contentor de compostagem e, assim, entrar novamente no circuito de valorização, podendo dar origem a fertilizantes. Quem sabe, até nos próprios olivais.
O desenho da forma, que aposta no ecodesign para usar a menor quantidade possível da nova matéria-prima, também já foi desenvolvido. E as empresas parceiras – a Flexaco irá intervir na produção da composição do biopolímero com o caroço de azeitona e a Safiplás, que tem processos para injeção de polímeros, fará a produção das formas – estão a postos.
O objetivo é que, “no final de 2025”, o produto esteja pronto para ser colocado no mercado, fazendo com que “o caroço perdure no tempo num produto com valor acrescentado”, sublinha Bruno Silva.