Em cinco anos, os alunos migrantes em Portugal aumentaram 160%. Há agrupamentos com estudantes de mais de 40 nacionalidades, alguns que nem inglês falam. A realidade atravessa o país, da Grande Lisboa ao Interior, os desafios agigantam-se, inventam-se recursos, a criatividade é palavra de ordem e integrar é o objetivo maior.
Yeajda Moni Parisha ainda se recorda daquelas primeiras semanas de lágrimas, do choro que não era capaz de conter, dos momentos de ansiedade em que acreditou piamente que nunca iria conseguir encaixar-se. Ainda para mais, aterrou na Escola Básica e Secundária Passos Manuel, em Lisboa, ao fundo da Calçada do Combro, mesmo junto à Igreja do Convento de Jesus, já o ano letivo ia a meio, janeiro de 2023, acabada de chegar do Bangladesh. “Não conhecia professores, não conhecia alunos, não conhecia ninguém”, realça. Muito menos a língua. Chegou cá com a mãe, para se juntar ao pai que havia partido de casa em direção à Europa faz tempo, em busca de uma vida melhor. O pai ainda passou por Inglaterra, acabou a assentar arraiais em Portugal há seis anos, tem em Lisboa um negócio, uma loja. Naquele início de 2023, Parisha, como todos a tratam pelos corredores da escola, entrou para o 6.º ano. Até falava inglês, desde o 1.º ano que tinha aulas no Bangladesh, mas os colegas não tanto, teve de se desenvencilhar, fez-se valer do tradutor no telemóvel, foi a pouco e pouco.
Conta tudo isto em português, de sorriso escancarado, raras vezes se atrapalha, como se já cá morasse há uma vida. Tem 13 anos agora, está no 8.º, nunca reprovou, nem mesmo naquele primeiro ano duro de choque com a realidade. Na pauta, muitas notas 4, até alguns 5. Parisha chegou exatamente no ano letivo em que a escola criou o Espaço i, “que ajudou muito para aprender vocabulário” para quem nem uma palavra entendia. O i é de inclusão, uma sala de acolhimento aberta aos miúdos estrangeiros recém-chegados. “Que frequentam o espaço até seis meses. Não são aulas de Português Língua Não Materna (PLNM), é para trabalhar a língua em vários âmbitos. E é um lugar de segurança e conforto para eles”, explica Maria Raquel Ribeiro, professora de Alemão e de PLNM. O projeto foi criado a partir do despacho de fevereiro de 2022, que definiu normas e deu alguma autonomia às escolas para garantir o apoio a alunos cuja língua materna não é o português. É sabido: em cada escola mora uma realidade diferente. Desde então que na Passos Manuel, nos primeiros meses em que os migrantes chegam desamparados, há disciplinas que têm com a sua turma, como Inglês, Matemática, Educação Física, outras há em que parte dos tempos letivos passam no Espaço i com professores de PLNM, é o caso de História ou Geografia, “que exigem uma proficiência linguística mais específica”.
Tudo começa dentro da sala, onde aprendem o básico (há crianças que nem inglês falam, a criatividade dos professores vem à tona, recorrem-se de gestos, da ajuda do tradutor). Depois vão escola fora experimentar interagir com funcionárias, mais tarde saem para a rua, vão até ao Chiado, testar comprar um pão, entrar numa loja, fazer uma pergunta. A somar a isto, há as aulas de PLNM, que se estendem no tempo, para já são oito turmas organizadas por níveis, cerca de 140 alunos. A ginástica para conseguir juntar os estudantes estrangeiros de turmas e anos distintos foi difícil, para encontrar um momento em que nenhum estivesse em aulas, testaram-se várias fórmulas, chegou-se à solução: estendeu-se a hora de almoço para duas horas, entre o meio-dia e a uma da tarde há aulas de PLNM.
O contexto do Agrupamento de Escolas Passos Manuel, em plena capital, é um bom termómetro para tomar o pulso às transformações que o sistema educativo tem vindo a sofrer. Há dez anos tinha cerca de 200 alunos estrangeiros, hoje conta mais de 500, 37% do total, 44 nacionalidades, o Brasil em maioria. Só que os números nunca estão fechados, a meio do ano letivo há alunos que saem, mudam-se, a escola perde-lhes o rasto, entram nas contas de abandono escolar. Outros entram já o comboio vai em andamento, em dezembro, em janeiro, alguns no 3.º Período, e esses são bem mais. Como aconteceu com Parisha, que traz o cabelo escondido pelo hijab negro, não o usa sempre, “as crianças não têm de usar”, faz questão de dizer, mas quer-se ir habituando para quando chegar a adulta. Às vezes lá tem de explicar aos amigos “que é por causa da religião”, nada que a atormente. “Fui bem recebida. Sinto-me bem em Portugal e tenho muitos amigos.” Muitos são também eles migrantes, do Nepal, da Índia, dos Estados Unidos. Preconceito? Há, é inevitável. “Mas, de maneira geral, não é algo que se sinta na escola. Claro que há turmas que recebem melhor, outras pior. Às vezes sente-se mais da parte dos pais, já houve situações no Secundário em que se mostraram preocupados com os exames nacionais por acharem que o facto de haver muitos estrangeiros atrasava as aprendizagens. Mas todas essas ideias acabam por ser desmontadas dentro da escola”, assegura Maria Raquel.
Códigos visuais, uma rádio, o bullying
Também por isso professores e direção vivem numa luta incessante, num malabarismo quase obsessivo para fazer cumprir a missão da escola pública para todos, mesmo todos. Pelos corredores decorados a arcadas do mais antigo liceu do país, o primeiro do regime republicano, há um código visual, são imagens junto às portas para ajudar a identificar salas de aula, biblioteca, serviços administrativos. Tudo a pensar na integração. Também está a ser criada uma rádio com os alunos migrantes, que já gravaram algumas emissões. Nos intervalos, ouve-se falar inglês, bengali, hindi. Ainda assim, parece haver uma língua comum no recreio que cerca o edifício histórico da escola: o desporto. Juntam-se todos em torno de uma bola, é linguagem de união.
“Há vários desafios. Primeiro, os alunos que só chegam no último período, que em condições normais ficam retidos, não é fácil. Depois, não há grupos de professores de PLNM, vamos pedindo ao grupo de professores de Português e há a questão da rotação dos docentes a cada ano, estão sempre a mudar, não se perde o know-how, mas obriga a uma reorganização constante”, refere João Paulo Leonardo, diretor do agrupamento. Além de tudo, faltam técnicos. “Que nos permitam ajudar mais na integração das famílias, os nossos recursos não chegam para tudo. E é preciso capacitar os professores das várias áreas disciplinares para a inclusão de alunos estrangeiros. Durante muito tempo éramos poucas as escolas com PLNM, hoje não, é transversal a todo o país.” Nem todos os docentes têm perfil para acompanhar estes estudantes, a professora Maria Raquel sabe disso. “Exige uma sensibilidade muito particular e jogo de cintura. Mas a verdade é que o ambiente que se cria nas aulas é incrível. Aprendo muitas coisas da cultura deles, ganho muito com eles.”
A maior prova do ambiente de que a professora fala é o facto de PLNM ser uma das disciplinas favoritas de Parisha. Talvez até seja mesmo a predileta. E de Kateryna Lominoha, 14 anos, que chegou a Portugal no verão de 2022, poucos meses depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, empurrada por uma guerra cruel que haveria de se prolongar até aos dias de hoje. Viu-se obrigada a arrumar a vida numa mala, forçada a partir de Kiev com a mãe e a avó até Lisboa, onde já tinha uma tia a viver há largos anos. “Quando cheguei não falava nada de português, também não falava inglês”, rebobina. Entrou na Escola Passos Manuel em setembro desse fatídico ano, ainda perdida e absorta. “Alguns colegas receberam-me bem, outros não. Às vezes sentia que não era bem-vinda, sofri bullying, queriam que fosse para o meu país.” Diz assim as palavras, nuas e cruas, sem paninhos quentes.
Kateryna levou pouco mais de um ano a começar a falar bem português, em casa fala-se ucraniano, a mãe é contabilista, continua a trabalhar à distância para uma empresa da Ucrânia. “Consegui encontrar o meu lugar aqui na escola, fiz uma amiga russa, muitos amigos portugueses.” Está no 9.º ano, vai fazer provas finais, uma delas é PLNM, está no nível B1. É introvertida, ensimesmada, ainda que a timidez não lhe roube as palavras para dizer sobre o que sonha: quer voltar à Ucrânia, reencontrar-se com o pai que por lá teve de continuar a trabalhar como camionista e espera estudar Design de Moda. E, por falar em sonhos, Parisha quer ser gamer, gosta de videojogos de luta, ainda que o pai já a tenha avisado que durante o período da escola não há jogos para ninguém, nem mesmo ao domingo. Voltar ao Bangladesh? Só para férias.
Vamos a números. Em cinco anos, os alunos migrantes em Portugal aumentaram 160%, um crescimento brutal. Se em 2018/19 eram 53 mil, agora são 140 mil, 14% dos matriculados. Cerca de metade são brasileiros, mas ao todo as escolas portuguesas têm estudantes de 187 nacionalidades (além do Brasil, as nacionalidades que mais cresceram são Angola, São Tomé e Príncipe, Índia, Venezuela, Paquistão, Bangladesh, Colômbia, Argentina e Rússia). E esta realidade atravessa todo o país, tal como João Paulo Leonardo assinalava, de norte a sul. Há ainda outro dado que merece destaque: português não é a língua materna de três em cada dez alunos migrantes. É aí que os desafios se agigantam.
Recentemente, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, reconheceu, em entrevista ao “Diário de Notícias”, que este é “o maior desafio que Portugal tem”. “São números muito grandes e se falharmos na integração e no sucesso escolar destes alunos, vamos falhar a nossa política de imigração. Por isso, temos mesmo de ter uma estratégia de ensino de português, porque muitos dos alunos não falam português, não têm sequer o alfabeto.” Criar um nível zero de PLNM precisamente para esses alunos, ter uma rede de mediadores culturais e linguísticos “para facilitar a integração” e ensinar português aos pais dos estudantes migrantes são algumas das medidas previstas no Plano Aprender Mais Agora que o governante levou a Conselho de Ministros. “Como país que tem um problema demográfico sério, temos de conseguir aproveitar esta oportunidade.”
Desde os anos 1980 com alunos estrangeiros
Há algumas certezas, muitas dúvidas. O nível zero de PLNM é uma resposta muito necessária, segundo os diretores escolares. Envolver as famílias na aprendizagem da língua também é premente. E mediadores linguísticos nas escolas podem ser uma ajuda, mas o que se pede mesmo é mais autonomia, mais meios, mais recursos humanos com formação pedagógica, mais assistentes operacionais. Se caminharmos para o Interior do país e fugirmos às grandes metrópoles, o cenário até pode ter outra escala, mas está igualmente presente. No Agrupamento de Escolas da Lousã, onde há aulas de PLNM desde os anos 1980, década em que muitas famílias holandesas e alemãs se mudaram de armas e bagagens para a serra, os números falam por si. Em 2020/21 eram 62 os alunos estrangeiros, agora são mais de 200, 10% do total da comunidade educativa, 30 nacionalidades. “Para a Lousã, para a dimensão populacional que temos, é significativo”, aponta o diretor Pedro Balhau, que julga que o tecido empresarial na região tem dedo no aumento. “Creio que é o número de empresas e de serviços instalados na zona que tem atraído este número de imigrantes.”
Nethanja van Rij é holandesa, não aterrou em Portugal nos loucos anos oitenta, veio em 2017, tinha dez anos. É alta, tão alta, os olhos são azuis, conversa em português. “Não foi fácil, no início ia às aulas e não percebia nada do que os professores diziam. É uma língua com muita gramática, para uma palavra há muitos significados. É muito difícil.” Desde o 5.º ano, quando cá chegou, até agora, no 12.º, que tem aulas de PLNM. “Não dei as grandes obras, aprendo gramática, oralidade, expressões. Assisto a uma parte das aulas de Português com a minha turma, mas em boa parte dos tempos da disciplina estou sozinha com uma professora de PLNM. Cheguei a estar numa turma de PLNM, só que havia muitos níveis diferentes e era difícil coordenar.”
Mas recuemos nesta história. Nethanja, 17 anos, mudou-se para a Lousã com os pais e os dois irmãos mais velhos. A família gostava de Portugal, quis vir morar para “um sítio verde”, abriu um alojamento local, também aluga autocaravanas. O choque cultural foi o primeiro embate, “escolas fechadas, com gradeamentos, em que não se pode sair a qualquer hora, na Holanda não é assim”. Foi-se ajustando, logo na primeira aula uma aluna foi ter com ela, integrou-a, ora se entendiam por gestos, ora improvisavam um inglês macarrónico. Os pais de Nethanja vão tendo aulas de Português, uma vez por semana, mas em casa fala-se holandês. Na verdade, ela já domina a língua de Camões, mesmo que diga que não, às tantas embaraça-se ao falar, mais por falta de confiança. Não desiste ainda assim. Fez exames nacionais no 11.º ano, de Biologia e de Físico-Química, nota positiva nos dois, este ano há de fazer de Matemática e de PLNM.
Quando a jovem holandesa chegou à Lousã, poucos eram os alunos estrangeiros, hoje são centenas, assistiu à evolução. E é incontornável, a integração “complicou-se nos últimos anos”. É Maria João Garcia, professora de Português e de PNLM, quem o diz. Passa a explicar. “São muitos mais alunos, em todos os ciclos de ensino, mais nacionalidades. Temos um aluno chinês, um francês, um alemão, um do Catar, o que torna tudo mais difícil.” Alguns são refugiados, “estão aqui à força, o que naturalmente dificulta a integração cultural, linguística, não falam português em casa, nos intervalos juntam-se e falam em inglês entre todos, é uma luta constante”. Para os que não falam inglês, a barreira é ainda maior, “mesmo assim fazem um esforço enorme, temos de os gabar, são autênticos heróis”.
E por muito que, como diz a docente, não haja relatos de casos de discriminação na escola, “estes miúdos sentem-se sempre à margem”. Põe os olhos nos papéis que traz na mão, conta 36 alunos a ter aulas de PLNM, 32 docentes da disciplina em todo o agrupamento. “Parece muito, mas estes professores têm duas horas, no máximo quatro horas semanais para PLNM. No resto do tempo estão a dar outras disciplinas. Pontualmente, nas aulas de outras disciplinas, conseguimos ter um professor tutor a apoiar o aluno estrangeiro, mas é pontualmente, não temos créditos horários para esse acompanhamento. Apesar de tudo, temos conseguido gerir.”
Há ainda a questão dos alunos brasileiros, que não frequentam aulas de PLNM. “E deviam. Há muitas variantes linguísticas no Brasil, as coisas não são assim tão lineares, nem sempre nos entendem e nós a eles”, sublinha a professora. Márcio Lima está a treinar voleibol na aula de Educação Física do 9.º ano, no pavilhão da Escola Secundária da Lousã. Traz o sotaque mineiro na voz, o espírito do país do samba, a energia dos seus 15 anos e a alegria de quem se rendeu a Portugal. Márcio não percebe tudo o que os amigos portugueses dizem, só há dias descobriu o que significava furo, “é quando um professor falta”. Mas é um despacho a conversar, chegou há um ano, primeiro teve morada em Coimbra, agora vive na Lousã. Gosta mais da calmaria do Interior, do sossego da vila, de poder ir a pé para todo o lado, de não ter o caos do trânsito à porta. “Gosto sobretudo da segurança de Portugal. Vim com os meus pais e a minha irmã mais nova, o resto da minha família está toda em Minas Gerais. Mas se eles viessem para cá, tenho a certeza de que também não iam querer voltar para o Brasil.” Porquê? “Está difícil lá e aqui as escolas são melhores, os professores também, há mais qualidade de vida.” O entusiasmo dele é palpável, foi bem recebido, os colegas da turma perguntaram-lhe o nome logo na primeira aula, ficou encantado.
O diretor Pedro Balhau atesta o que a professora Maria João já contou, “não há situações identificadas de não aceitação de alunos migrantes”. Até porque aqui há um outro fator a pesar. “Temos já uma tradição de lidar com a diferença, não só porque há muito que a Lousã recebe estrangeiros, mas também porque recebemos na escola muitos alunos com necessidades educativas especiais, são 181 à data de hoje, porque oferecemos uma resposta há anos e as famílias já nos procuram.” O que acaba por ser mais um constrangimento na receção aos tantos migrantes que vão chegando, já que muitas turmas, por terem alunos com necessidades educativas específicas, têm de ser reduzidas. “A inclusão é o nosso maior foco. O problema é que os nossos meios estão subdimensionados. É difícil criar turmas de PLNM quando tenho alunos de 3.º ciclo ainda a aprender vocabulário. Assim como é um desafio quando me chegam alunos do Brasil profundo com idade para estarem no 4.º ano e que nunca foram à escola, que não sabem ler nem escrever.” E depois, relata, esgotam-se créditos horários de componente não letiva para os docentes darem apoio a estes alunos, para reforço de aprendizagens. É a escola a reinventar-se, a fazer omeletes sem ovos para garantir o sucesso. “A roda está inventada, precisamos é de mais meios e de mais autonomia para gerir os créditos horários.”
Enquanto Pedro Balhau vai falando, faz-se hora de ir para as aulas, a correria que se começa a sentir é que dá sinal disso, aqui não há toque de campainha, a atenção ao relógio é que dita as rotinas. É então que aparece Katherine Barton, 16 anos, prestes a entrar numa aula de Inglês do 11.º ano, “a disciplina mais fácil”, ou não fosse ela natural de Chicago, nos Estados Unidos. Traz o cabelo preso em dois totós, um de cada lado, o rosto coberto de sardas, o sorriso aberto. Esforça-se para falar em português, a pronúncia a denunciá-la, emaranha-se nas palavras, fica titubeante, acaba no inglês.
Está há um ano em Portugal, mudou-se com os pais para fugir à insegurança da mais populosa cidade do estado norte-americano de Illinois. No último ano letivo esteve a estudar em Miranda do Corvo, mas em setembro entrou na Escola Secundária da Lousã. E passou o verão enfiada em aulas de PLNM por iniciativa própria, à conta da vontade de aprender. “Quando cheguei não sabia português de todo, tanto que ainda me sinto nervosa quando falo, nem sempre sei as palavras.” Com os amigos entende-se numa miscelânea de português e inglês, “chega a ser engraçado”. O pai está reformado, a mãe é terapeuta ocupacional, por agora trabalha online para os Estados Unidos, também está a aprender português, quer trabalhar cá, é esse o objetivo. Katherine aflige-se com a língua, mas é também por aqui que quer ficar, espera seguir os estudos até à universidade. Diz querer licenciar-se em Portugal. E talvez seja esse o sinal maior de que as escolas, mesmo perante todas as dificuldades, estão a ser capazes de integrar quem chega de fora sem rede e sem falar a mesma língua.