Zilda fala pelos cotovelos, tem sentido de humor, passou a vida a corrigir meio mundo sobre o seu nome, bebe Favaios todos os dias. Conceição ainda conduz, costura, faz bordados. Albertina é diretora de um jornal, leitora ávida, vai à missa a pé, gosta de cozinhar e tricotar. Têm mais de 100 anos, histórias infinitas e mantêm-se ativas. Portugal é um dos países mais envelhecidos do Mundo.
Era um rodopio de gente, a porta de casa estava aberta para quem lá quisesse entrar, havia porco no espeto, a festa começou ao meio-dia e só acabou de madrugada, já o relógio batia nas três da manhã. “Estive sete horas sem fazer chichi só a falar com as pessoas.” Zilda foi a última a sair da casa do neto e, mesmo depois de “festa tão grande”, o sono ainda não lhe tinha tomado conta do corpo. Já lá vai um ano, foi no centésimo aniversário, era 3 de outubro de 2023, agora conta 101 anos – “e o resto”, reclama, que é como quem diz mais um mês e uns dias. Está sentada num cadeirão na sala da sua casa, as paredes são de pedra, os móveis de madeira escura. Veste-se de preto da cabeça aos pés, o cabelo branquinho como cal, por ela penteado meticulosamente e preso por dois travessões, um de cada lado. “O cabelo está bem?”, aflige-se. Zilda Alves Moreira fala pelos cotovelos, como se tivesse guardado toda a energia da vida para a última idade. O sentido de humor é imparável, a postura desassombrada, o sorriso desarmante. Alimenta as conversas com histórias sem fim, espécie de enciclopédia secular carregada de páginas.
“Desde que casei que moro aqui nesta casa”, na vila de Sobreira, em Paredes, freguesia onde também foi nascida e criada. Na frente, virada para a rua, estão enclausuradas memórias do que sobra da antiga “mercearia” que geria com o marido e que herdou do sogro. Levanta-se na ânsia de a mostrar e leva a bengala, embora teime em escondê-la por não querer “parecer velha”. Abre uma porta e eis o balcão comprido e largo ao centro de uma velhinha loja, enorme, ainda com vassouras a tombar do teto, gavetinhas e mais gavetinhas com pregos, linhas para bordar, também prateleiras com louças, tachos, pequenos eletrodomésticos, até gaiolas para grilos. “Vendíamos tudo, tudo. Tecidos para roupas boas, vinha gente de todo o lado. E batatas, arroz, açúcar.” Na verdade, antes de trocar alianças, aos 24 anos, disse ao marido que “se fosse para ir trabalhar para a loja do pai dele não casava”. Ele prometeu-lhe que não, mas ao cabo de uma semana de matrimónio já Zilda estava a medir fazendas. “Dizia que só casava se não fosse para a loja e trabalhei a vida toda na loja”, lembra a rir.
As histórias não param, encavalitam-se umas nas outras. Mas quer começar pelo princípio. Consta-se que foi a primeira criança em Portugal a ser batizada com o nome de Zilda, ideia dos padrinhos. “A minha madrinha era brasileira e o meu padrinho era português e foi viver para o Brasil. Ela chamava-se Maria Santinha, mas a minha mãe não deixou que eu ficasse com o mesmo nome, porque dizia ‘depois ela sai-me um diabo e o povo faz pouco de mim’. Então puseram-me o nome de Zilda.” E foi o cabo dos trabalhos, o padre não a queria batizar, lá conseguiram. “Passei a vida a corrigir toda a gente. Achavam que era Isilda, Gilda ou Ilda. E eu zangava-me toda, sou Zilda com zê”, avisa de dedo esticado no ar. Na escola, foi até à quarta classe, reflexo de tempos remotos, e começou a trabalhar ainda catraia, a ajudar o pai, que vendia viveiros, “às vezes até à uma da manhã”. Eram oito irmãos, viviam “bem”, o pai foi o terceiro homem da freguesia a ter carro. Mas, “no tempo do Salazar, da segunda Guerra Mundial, da fome, quando era tudo por racionamento, sabe Deus”.
Na mesa ao lado do cadeirão, um terço de madeira pousado. Reza todos os dias mal acorda, bem cedo, ainda o sol não nasceu. É católica fervorosa, “de nascença”. “E conheci os pais dos pastorinhos de Fátima, o meu pai ia muito para aqueles lados por causa do trabalho, ficávamos hospedados em casa do senhor Marto e da senhora Olímpia”, conta ela, enquanto agarra numa foto a preto e branco para fazer prova do relato. Mais tarde, e até há poucos anos, organizava peregrinações a Fátima, chegou mesmo a trabalhar no Santuário, a ajudar padres e freiras a cuidar dos doentes “que lá faziam retiro”. “O meu marido não se importava, houve um ano em que fui todos os meses a Fátima.” Por ocasião dos seus 100 anos, recebeu cartas do Vaticano, do cardeal-patriarca de Lisboa, do bispo do Porto, algumas estão emolduradas.
Teve quatro filhos, tudo rapazes, dois deles ainda vivos. “Outros dois a Nossa Senhora levou-mos.” E os olhos ficam marejados. Sete netos, as duas últimas são meninas. Quando nasceu a primeira menina, Zilda foi à maternidade e a primeira coisa que fez foi tirar-lhe a fralda para confirmar. “Pois se não havia meninas na família”, diz de sorriso aberto. Mais cinco bisnetos, o último nasceu poucos dias depois do seu centenário. Ainda faz tricô, mesmo que a “vista” já não seja a mesma, nem precisa de olhar, as mãos sabem de cor o que fazer. Mostra duas mantas feitas por ela, “é para oferecer nos aniversários”. É dada à independência, todos os dias dá uma volta pelo pátio de casa, toma banho sozinha, arranja-se sem ajudas, de manhã só bebe café, só já não cozinha por medo de se queimar. A televisão é barulho de fundo. Tem um ritual sagrado, bebe sempre um vinho de Favaios depois da refeição, a Adega de Favaios até já lhe enviou um convite para visitar a produção. E, claro, uma última história: “Numa viagem a Espanha, cheguei a andar a correr cafés só para encontrar Favaios. Quando finalmente encontrei, o senhor encheu-me um copo pequenino e eu disse-lhe que não queria aquilo, queria um copo grande.”
Mais de três mil centenários no país
Segundo dados da Pordata deste ano, Portugal tem mais de três mil centenários, é o segundo país mais envelhecido da União Europeia e o quarto do Mundo com maior proporção de população idosa. “Olhando para os Censos, à data de 2021 eram 2801 centenários, 82% mulheres, uma tendência que se tem mantido”, refere Óscar Ribeiro, professor na Universidade de Aveiro e investigador que se tem dedicado ao tema dos centenários e da longevidade excecional. Coordenou o primeiro e único estudo sobre população centenária na Área Metropolitana do Porto, acompanhando centenários ao longo do tempo. Apesar do exemplo de Zilda e de outros que passam a marca dos 100 e mantêm qualidade de vida, os desafios da longevidade são muitos. “Um deles é precisamente a saúde e o estado físico desta população. Apesar de a maior parte viver em alojamento familiar, em casa, muitos apresentam um perfil de saúde que aponta para dificuldades em executar tarefas elementares, como tomar banho, vestir-se, caminhar, subir escadas. Um perfil que pressupõe ter alguém que preste cuidados.” O que nos leva para o tema dos cuidadores, “que, muitas vezes, são eles próprios pessoas mais velhas”. “Se alguém com 100 anos está ao cuidado de um filho, a probabilidade de este estar na casa dos 70 é grande, o que resulta num desafio acrescido.”
A par disto, há que olhar para o perfil cognitivo dos centenários. Os dados, que juntam vários estudos a nível mundial, indicam que a probabilidade de esta população ter demência é de 50%. “É bom contarmos estas histórias que são bons exemplos, mas é importante termos uma imagem realista do que é esta idade avançada.” Há ainda outra dimensão, a da solidão, do isolamento, da solitude, de quem é sobrevivente único de uma geração. “Esta população não tinha em mente alcançar estas idades. E, além das questões físicas e de saúde, do ponto de vista social, todos os interlocutores são necessariamente mais novos. Apesar de muitos gostarem de estar com pessoas mais novas, há sempre uma falha no processo de identificação. Alguns senhores centenários diziam-me que até gostavam de ir ao café, mas que só lá estavam rapazes com 70 ou 80 anos e que havia conversas que já não conseguiam ter com eles, porque eles não entendiam ao que se referiam.”
Há um detalhe curioso na investigação de Óscar Ribeiro. Questionando centenários sobre o desejo de viverem mais tempo, os números mostram uma diversidade absoluta: 31,4% desejavam viver mais tempo, 30,6% não tinham essa vontade e 38% não tinham uma posição clara. “Chegar a idades avançadas é cada vez mais comum, importa é perceber em que circunstâncias, de saúde, sociais.” Mas há boas notícias: a geriatria está a ganhar terreno em Portugal, há cada vez mais profissionais comprometidos com os mais velhos, mais sensibilidade na comunidade médica também. E há uma certeza, a de que a sociedade ainda olha com fascínio e curiosidade para quem chega a um século de vida, “porque, embora crescente, continua a ser um grupo minoritário”.
Conceição Amaro sabe disso. “Há muitas pessoas que vêm ter comigo por ter 100 anos”, diz com uma pontada de orgulho. Há de fazer 101 a 15 de janeiro. Foi à cabeleireira, vai todas as semanas, ainda conduz o seu Renault Clio, “velho, velho, muito velho”. “Bati com ele hoje a sair de casa para ir ao café tomar o pequeno-almoço, veja lá”, desabafa desgostosa. Desde que tirou a carta de condução, aos 40 anos e pico, nunca deixou de conduzir. “Só tirei a carta nessa idade porque o meu marido era ‘chauffeur’ na Rodoviária, tinha sempre transporte, até que entendi que um dia ia precisar de carta para mim, tirei à primeira.” Está em Leiria, na vila de Monte Real, foi nascida e criada aí. Mora sozinha numa casa grande, “é uma casona, são cinco ou seis quartos, não precisava de ser tão grande”. “Naquele tempo, os meus pais tinham um grande estabelecimento, uma loja, e quiseram uma casa assim. A maioria dos quartos agora está com as portas fechadas.”
Olhando para trás, dedicou a vida toda aos fregueses, à loja que era dos pais, “era mercearia, padaria, sapataria, tudo”. Mas, pelo meio, ainda os pais eram vivos, quando o marido foi trabalhar para a Marinha Grande uma temporada e ela se mudou com ele, fazia costura “para ajudar” nas contas da casa. Continua a costurar na sua máquina Oliva, agora anda de volta de uma blusa que está a fazer para si. “Também bordo, toalhas, panos, o que aparece. Faço para dar no Natal aos netos e bisnetos. Tem de ser, é para não adormecer.” Conceição tem dois filhos, seis netos, seis bisnetos. Vai muitas vezes almoçar a casa do filho, a pé, um quilómetro de caminhada, nem a muleta a trava. Se for preciso, ainda se põe de roda dos tachos, faz sobretudo sopa. A filha também a visita todos os dias. Vê televisão, tem quatro canais, ao domingo está sempre sintonizada na missa. “Como é que cheguei a esta idade? A trabalhar, levei uma vida boa mas de trabalho.”
Viu o Mundo mudar, viveu guerras, ditadura, pandemias. “Agora a vida é diferente, em tudo. A gente antes nem comia fruta. O meu pai morreu muito novo, com 35 anos, e a minha mãe ficou sozinha com três filhos para criar. Naquele tempo era uma miséria, não havia fruta, não havia bolos, não havia nada.” A mãe voltaria a casar, a vida endireitou-se. Já perdeu os dois irmãos, também os dois meios-irmãos do padrasto. Viu amigas partirem, assim como o marido, já há 40 anos, de doença. Mas ainda faz amigas, todas mais novas, de 80, 90 anos, no café “e onde calha”. “Falamos da vida, de estar tudo cada vez mais caro.” O aniversário, o centésimo, esse marco na vida, celebrou-o com a família, foram ao restaurante, comeu arroz de marisco.
Retardar o envelhecimento no futuro
Manter-se ativo depois dos 100 tem que se lhe diga. Manoel de Oliveira, que morreu aos 106 anos ainda a trabalhar, com um ritmo de rodagem de um filme por ano, descreveu uma vez a longevidade como um capricho da Natureza. Talvez tivesse razão. Mas olhemos para o futuro, nas próximas décadas é possível que a Natureza não vá ter um papel tão determinante. Lino Ferreira, investigador no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, tem vindo a estudar o envelhecimento. “O meu foco não está tanto na área social, mas em perceber como é que se pode dar qualidade de vida às pessoas na última década da sua existência. Tento entender melhor o envelhecimento sob o ponto de vista biológico e como atenuar esse processo.” E sim, a investigação a nível mundial tem vindo a revelar que é possível retardar o envelhecimento, estamos a entrar na era da gerociência. “O segredo é perceber onde é que estamos em termos de envelhecimento. Hoje, sabe-se que os órgãos envelhecem a velocidades diferentes. Se soubermos qual dos nossos tecidos está a envelhecer mais rapidamente, poderemos atuar preventivamente.”
Atualmente, explica, já existem intervenções farmacológicas – naturais e não só – “que podem eliminar células envelhecidas”. Estão em curso vários ensaios clínicos, sobretudo nos Estados Unidos, um deles está a testar fármacos em pessoas já com alguma fragilidade, “para perceber se pode haver recuperação ou melhoria da função física e cognitiva”. “E isso vai-se ver cada vez mais. Até porque hoje já temos capacidade de ler o envelhecimento biológico, usando relógios que detetam processos inflamatórios ou doenças. Percebendo isso, os clínicos poderão intervir.”
É sabido que o envelhecimento não só é o maior fator de risco para doenças crónicas, como é um dos maiores desafios da próxima década. “Se conseguirmos atenuar o processo de entrada nas doenças crónicas, isso não só terá um impacto significativo a nível económico, nos orçamentos para a saúde, como a nível social, no papel que estas pessoas podem ter na sociedade. É uma grande oportunidade.” Aqui, importa sublinhar um ponto. “Portugal é, de facto, um dos países com maior longevidade, com maior proporção de população envelhecida. Contudo, naquilo a que chamamos de qualidade de vida nas últimas décadas de vida, o nosso país está atrás de muitos outros, nomeadamente Inglaterra. Ou seja, as pessoas vivem mais, mas com limitações físicas ou cognitivas, com perda da autonomia na parte final da vida. E essa é uma área em que é preciso fazer mais.”
Não é esse o caso de Albertina Madeira, longe disso. O cabelo é grisalho, navega nos tons de cinzento. Está a caminho dos 102 anos, que haverá de celebrar a 29 de janeiro, e traz doçura agarrada ao rosto. As poucas rugas não lhe denunciam a idade. “Lavava a cara com água e sabão azul”, confessa numa gargalhada. Em miúda, ainda estudou até ao 3.º ano do liceu, ao agora 7.º ano, e viu a irmã formar-se professora. Calhou de nascer numa das aldeias mais típicas do Algarve, em Alte, Loulé, de casario branco e Natureza verde. “Tinha um grupo grande de amigos, que se juntavam ao domingo para passear, para visitar as belezas naturais da aldeia, e à noite juntávamo-nos na casa de um deles a jogar às cartas, ao dominó, ao loto. Ainda fazíamos teatros, cantávamos as Janeiras”, recorda. Até que um dia, a irmã, mentora de todos aqueles eventos, em época de Guerra Colonial, se lembrou que podiam enviar cartas aos homens da aldeia que tinham ido para o Ultramar. Melhor ainda. “E se criássemos um jornal para lhes levar notícias aqui da terra?” Foi assim que nasceu o “Ecos da Serra”, que já conta mais de 50 anos e de que Albertina ainda é diretora. Sim, diretora. É um jornal local, feito de amadorismo, por carolice. “Não é nada profissional, somos uma associação. Mas o jornal hoje corre o Mundo inteiro, menos a Ásia. Mandamos pelo correio e também está online, para os emigrantes saberem aqui das notícias da terra.”
Albertina tem até carteira profissional de jornalista, di-lo timidamente a sorrir, é ela quem corrige e seleciona os artigos. Vê bem, não usa óculos, lê muitos jornais, adora o “Jornal de Monchique”. Aos domingos, faz palavras cruzadas “para descansar”. Nunca casou e foi toda a vida dona de casa, viveu sempre com os pais, a irmã e o irmão, também eles solteiros, até todos partirem. Os pais tinham propriedades no Alentejo, comiam o que a terra por lá dava, acabaram por vender, Albertina vive do valor que conseguiram com a venda. Mora na casa onde nasceu em Alte, com uma afilhada, que é “braço-direito, secretária, tudo” e que ela criou. Não teve filhos, mas é madrinha de muita gente, tem para cima de 20 afilhados, criou quatro. No tempo da Segunda Grande Guerra, rebobina, a família ajudava os mais pobres. “Como a minha irmã era professora, vinham aqui a casa muitos miúdos com fome e descalços para comer e enxugar a roupa na lareira. Gostávamos de ajudar, mesmo que não fosse gente conhecida, a porta estava sempre aberta.”
Assistiu à chegada da eletricidade, do telefone, da televisão, “uma grande alegria”. É adorada na aldeia, para sempre menina Albertina, “as pessoas podem ter 100 anos, desde que não tenham casado, são sempre meninas”. Ainda faz crochê e tricô. É religiosa, o crucifixo na parede, junto ao sofá, não deixa margem para enganos. E despacha-se a dizer que vai a pé à missa. Às vezes, a afilhada dá-lhe o braço com medo que se desequilibre e ela barafusta, diz que não precisa. “Se precisar, eu digo. Já não tenho a vontade de sair que tinha, nem a agilidade, mas faço questão de ir à missa, é o meu dever cristão.”
Na televisão, gosta de ver o “Joker” na RTP – a afilhada conta que acerta muitas respostas, que até já pensou inscrevê-la. Só que não é de estar parada muito tempo, aventura-se na cozinha, às tantas vê-se numa azáfama a testar receitas. Tem sempre licor e doce de figo com amêndoa, feitos por ela, para as visitas. Mas as especialidades são o arroz-doce e os griséus com ovos e carne frita. “Também faço muito bem um prato que comemos sempre às sextas-feiras que são as papas de xarém. Ainda que o meu preferido, quando estou sozinha, sejam sopas de tomate com ovos escalfados em cima.” A casa é grande, conta uns sete quartos, sobe todos os dias as escadas para o primeiro andar e vai sempre ao jardim ver as laranjas que caíram das árvores, avaliar se as peras e os abacates já estão grandes. Se tivesse de arriscar no segredo para a longevidade, Albertina diria assim: “É uma pessoa não se ralar muito, amar os outros, fazer-lhes bem, não sentir ódio por ninguém e estar bem com a sua consciência”.