A batalha inglória para travar o número de pessoas que vivem na rua

Parque Itália, no Porto (Leonel de Castro)

Aprovada nova estratégia nacional para sem-abrigo. Anúncio surge após pressão de Marcelo Rebelo de Sousa. Casos em crescendo.

Marcelo pressiona, Executivo aprova
O Governo anunciou, a 18 de dezembro, a aprovação da nova estratégia nacional para pessoas em situação de sem-abrigo (2025-2030), que, entre outras coisas, prevê o reforço das várias modalidades de alojamento e a criação de um plano pessoal de emprego para quem está nesta condição. O anúncio surgiu depois de o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter pressionado publicamente o Executivo a apresentar a nova estratégia e a reforçar soluções no domínio da habitação.

De adiamento em adiamento
As pessoas em situação de sem-abrigo são há muito um tema caro ao chefe de Estado e a erradicação do fenómeno até 2023 foi um objetivo assumido pelo próprio em 2019, durante o primeiro mandato presidencial. Marcelo reconheceu entretanto que, face à pandemia de covid-19, o desígnio não seria cumprido. Depois, em outubro de 2023, apontou 2026 como meta para a redução “drástica” dos números.

13 128
pessoas em situação de sem-abrigo no ano de 2023, mais 2355 do que no ano anterior.

Homens, desempregados, viciados
O Inquérito de Caracterização das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo concluiu que a maior parte (72%) das pessoas em situações de sem-abrigo são homens. O desemprego ou precariedade no trabalho é a principal causa (3290 casos), seguindo-se a dependência do álcool ou drogas (2983) e a ausência de suporte familiar (2926).

64%
das pessoas em situação de sem-abrigo têm naturalidade portuguesa (em 12% dos casos a naturalidade é desconhecida).