Nuno Gomes encantou-se pelas histórias de Cousteau e já fez mais de cinco mil mergulhos para ver o que se esconde debaixo de água.
Tem no currículo mais de cinco mil mergulhos e dois recordes mundiais em profundidade, mas descobrir o que se esconde debaixo de água continua a ser uma aventura para Nuno Gomes. O engenheiro civil, que se deixou encantar pelas histórias de Cousteau, diz que descobrir os segredos das profundezas em segurança implica preparação e paciência.
Começou a mergulhar nos arredores de Lisboa depois de ler “O Mundo do silêncio”, de Jacques-Yves Cousteau. Dedicava-se a fazer caça submarina, já que mergulhar com garrafa era “caro”. Entretanto, ainda durante a adolescência, mudou-se com a família para a África do Sul. Foi lá que se tornou possível experimentar a modalidade, quando se juntou a um clube de mergulho na universidade onde cursou engenharia civil. “Comecei a mergulhar cada vez mais fundo e, mesmo sem intenção, comecei a conseguir recordes”, lembra.
Quando entra na água, porém, o objetivo “não é bater o recorde de ninguém”, mas sim superar-se a si próprio. É que o mergulho a grande profundidade “tem efeitos no corpo e na mente” e depende da capacidade de cada pessoa. “É difícil pensar lucidamente e movimentar-se da mesma maneira e chega-se a determinada altura em que é impossível continuar. Na subida, é preciso cuidado para fazer corretamente a descompressão.”
Entre os mais de cinco mil mergulhos que já fez, contam-se dois recordes mundiais: em 1996, na caverna Boesmansgat, na África do Sul, a uma profundidade de 282,6 metros e, em 2005, em Dahab, no mar Vermelho (Egito), a uma profundidade de 318,25 metros. Contam-se, também, experiências fantásticas, como quando contemplou na baía de Sodwana, na África do Sul, o celacanto, um peixe que se acreditava estar extinto há milhões de anos, ou quando viu uma armada de navios afundados, no atol de Bikini, nas ilhas Marshall. E até uma história de amor, já que o mergulhador se apaixonou por uma das pessoas de uma equipa de televisão que filmou os seus feitos.
O casal e a filha ficaram uns anos na África do Sul, mas depois mudaram-se para os EUA. É a partir de lá que Nuno se divide entre o trabalho como engenheiro civil, o mergulho comercial, a prática de hóquei e râguebi subaquáticos. Também é instrutor da Confederação Mundial das Atividades Subaquáticas, papel que lhe permite partilhar, com quem pratica mergulho em profundidade, a importância da paciência e preparação para uma progressão segura.
Entrar na água é “uma aventura”, que lhe transmite a sensação de estar “a flutuar no espaço, sem ter peso nenhum”. Para o próximo ano, já tem planeadas aventuras no lago Guinas (Namíbia), no lago Crater e no desfiladeiro Hudson (ambos nos EUA).
Nuno Gomes
Localização Nova Iorque
Profissão Engenheiro civil e mergulhador
Idade 63 anos