Viver a tocar violino em orquestras, o dia a dia de Inês Pais

Inês Pais está a tirar o mestrado em Roterdão e toca como freelancer. Já trabalhou com músicos e maestros prestigiados. Quer continuar a conhecer outros mundos.

Quando era pequena, dizia que queria ser médica. Aos seis anos, começou a aprender violino. Aos nove, o primeiro concurso de instrumento e um segundo lugar, seguiram-se mais distinções pelo percurso. Aos 14, a primeira experiência em orquestra. No 9.º ano, antes do Secundário, não imaginava a sua vida longe da música. Direcionou os estudos para essa área. Entrou na Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco, acabou o curso com a melhor média desse ano letivo 2019/2020. Aos 21 anos, concretizou o objetivo de integrar a Orquestra de Jovens da União Europeia. “Após várias provas, fui selecionada e tive a oportunidade de trabalhar com músicos e maestros incríveis e tocar em prestigiadas salas do Mundo”, recorda.

Neste momento, está a tirar o mestrado em Música Clássica – Performance, Instrumento Violino na universidade de artes Codarts Rotterdam, de música, dança e circo, com o professor Pavel Fisher. Colabora, como freelancer, com a Orquestra do Norte da Holanda, em Groningen, e a Sinfonia Rotterdam. E foi selecionada, na universidade, para um estágio com a Orquestra Filarmónica de Roterdão, que terminou neste ano letivo com três projetos apresentados.

Sempre houve música em casa, em Paramos, Espinho. “Os meus pais sempre foram apreciadores de música clássica e, desde cedo, reconheceram a importância da música no desenvolvimento cognitivo.” Começou na Academia de Música de Paços de Brandão, em Santa Maria da Feira, com a professora Ana Brízida Oliveira. “Com quase seis anos de idade não fazia ideia de que a música seria a minha paixão, mas lembro-me de acordar muitas vezes e a primeira coisa que fazia era tocar violino.” No ensino superior, aprendeu com os professores Augusto Trindade e Alexandra Trindade e o conselho para ir para o estrangeiro melhorar a performance surgiu no último ano do curso. “Confesso que, na altura, estava muito indecisa por deixar a minha família e o meu país, por deixar a minha zona de conforto e mudar-me para um país novo com uma língua diferente”, lembra. O apoio foi total e em toda a linha da família, amigos, professores e namorado, também aceite na mesma escola para estudar trombone baixo. Mudou-se em agosto de 2021.

A sua vontade é viver a tocar em orquestra e, por agora, sabe que isso é muito difícil acontecer em Portugal. Regressar não lhe aparece no horizonte, por enquanto. “Adoro o meu país, mas considero que ainda não é tempo de voltar. Além de que ainda há tanta coisa que quero conhecer e aprender”, refere.

Roterdão tem muito para oferecer. Inês Pais aprecia a diversidade, a interculturalidade, o balanço entre a tradição e a modernidade, a vasta agenda. “Há sempre eventos, festivais, exposições a acontecer. Há imensa diversidade cultural, pessoas de todo o Mundo”, descreve. “Roterdão, comparada com outras cidades, é muito moderna. Há edifícios típicos da Holanda, mas depois há prédios enormes com mais de 30 andares com todas as formas possíveis e imagináveis”, acrescenta. É um lugar que aprecia a cultura e a música clássica. Inês sente-se bem. “Gosto muito de sentir que posso ser quem sou. Numa cidade tão grande não há grande espaço para julgarem o outro.”

Inês Pais
Localização:
Roterdão, Países Baixos 51º 55’ 51’’ N 38’ 45’’ E (GMT+1)
Cargo: Violinista
Idade: 25 anos