Os nadadores-salvadores estão a postos e as histórias dos salvamentos guardam-se na memória como momentos que acabaram bem. Salvam vidas, não se sentem heróis. Cumprem a sua missão, o seu dever. A época balnear arrancou há dias, o verão começou quarta-feira. Volta-se a falar de segurança aquática, da insuficiência de meios, dos afogamentos que não param de aumentar em zonas não vigiadas, da pouca compreensão política. “É uma área humanitária, não é uma área comercial.” O aviso de quem sabe.
Hugo Bidarra recorda-se de tudo daquele dia, 18 de agosto de 2019, tempo nublado, rebentação de dois metros, bandeira amarela na praia das Areias Brancas, Santiago do Cacém. Eram 17.40 horas. Ouviram-se gritos de que alguém estava aflito dentro de água. Hugo vê o colega Ricardo Ventura correr para o lado direito da praia. Corre atrás dele, 200 metros num fôlego, vê-o a agarrar um senhor na rebentação, mar pouco acima da cintura, a trazê-lo para a areia. Mais gritos na areia. Há outra pessoa no mar. “Vejo um corpo de costas, dentro de água, a flutuar.” Entram os dois no mar. Ventura põe a senhora de barriga para cima. Hugo lembra-se bem. “Não respirava, não tinha expressão facial, a cara estava meio azulada, as mãos escuras, a pele extremamente escorregadia.”
Era preciso chegar à areia, estava complicado, as ondas faziam o efeito quebra-coco, metade a puxar para dentro, metade a puxar para fora. Os banhistas, eram poucos, lançaram a boia circular, tentavam ajudar. Hugo agarrou-a. Antes disso, a senhora começou a respirar. Chegam à areia, mala dos primeiros socorros, manta térmica, garrafa de oxigénio, dez litros de oxigénio por minuto, insuflações manuais. “Cuspia muita água, começou a mudar de cara, a pele a ficar normal.” Ambulância, hospital. Não era o primeiro salvamento de Hugo. “Foi, sem dúvida, o mais stressante e o mais complicado que tive.” Fez o que tinha a fazer. “Não me considero nenhum herói. É o meu trabalho, se não estivesse lá, os meus colegas não teriam feito diferente.”
Ricardo Ventura também se lembra desse salvamento, da senhora em posição de medusa, de a ter virado de barriga para cima, de bater pernas com Hugo para alcançar a areia, da boia, da respiração ter voltado ainda no mar, do oxigénio, dos bombeiros, da ambulância. “Tive alguns salvamentos, mas nunca tinha chegado a este ponto de gravidade”, conta. Pessoas em pranchas sem conseguirem voltar para a areia, crianças sem pé. Mas não como aquele. E aquela praia não é fácil. “Tem pouca gente, o acesso é mau, o mar é difícil”, descreve. “Foram momentos complicados”, recorda. O marido da senhora voltou à praia dias depois para agradecer aos dois nadadores-salvadores ao serviço da Seagull Rescue. “É uma sensação boa, salvámos uma vida ou duas.”
Sara Galvão sabe o que aconteceu até perder o equilíbrio e ser levada pelo mar. Não sabe nadar, pensou que já era, a sua memória apagou-se. Esteve em coma induzido dois dias no hospital de Santiago do Cacém, acordou, uma semana internada, recuperou sem mazelas. Mais uns segundos e o desfecho teria sido diferente, disse a médica.
Naquele dia, Sara e o marido foram à praia apanhar sol, conhecem-na bem, sabem que é perigosa, areal mais ou menos plano, declive acentuado em direção ao mar, água que sobe por ali acima quando está agitada. Era o caso, nesse dia. “Apeteceu-me molhar os pés, mas nem sequer era na linha de água, fiquei à espera de que a água subisse e viesse molhar-me os pés.” Também se lembra da força do mar quando voltava ao seu lugar, da areia que arrastava com violência. “Uma onda foi mais forte do que as outras, quando a água regressa, faltou-me areia debaixo dos pés, perco o equilíbrio. A areia foge-me, leva-me, derruba-me.” Sara estava em pé, o marido a seu lado deu-lhe imediatamente a mão, ela instintivamente largou-a, sabia que ia correr mal. “Entrava na água e não me safava. Não sei de mais nada, perdi imediatamente os sentidos, acordei dois dias depois nos cuidados intensivos do hospital. Induziram-me o coma para me puderem tratar. Sei que o meu marido lutou imenso na rebentação.” A história veio aos poucos. O resgaste dos dois nadadores-salvadores, a mãe de Ricardo Ventura, enfermeira, estava na praia nesse dia. “Eles foram inexcedíveis. Dou graças aos céus e a eles sobretudo por estarem lá naquela hora.”
Sara Galvão, professora de Inglês, 66 anos, conhecia Ricardo da escola de Santiago do Cacém, de vista, nunca tinha sido seu aluno. Já se encontraram depois do salvamento. “Cada vez dou mais valor aos nadadores-salvadores e ao facto de estarem nas praias. Deviam ser bem pagos porque correm grandes riscos.” No ano seguinte, em 2020, Sara voltou àquela praia e não molhou os pés.
A 27 de julho do ano passado, uma mulher foi arrastada por uma onda numa zona da praia não vigiada na Nazaré. Eram 14.45 horas. Nadadores-salvadores saltam para o mar em auxílio, Daniel Meco estava na moto-quatro, chega com o material necessário, garrafa de oxigénio, evacuação da senhora, hospital. A meio de setembro, a senhora manda uma mensagem, quer agradecer o salvamento, vai à praia da Nazaré com uma santa benzida em Fátima e uma garrafa de licor para lhes oferecer. A santa está no posto do socorro da Nazaré em cima do dispositivo dos primeiros socorros.
Daniel Meco, 54 anos, nadador-salvador desde 1998, formador, supervisiona a praia, é presidente da Associação de Nadadores-Salvadores da Nazaré. Já perdeu a conta aos salvamentos que lhe passaram pelas mãos, serão centenas. Nesse verão de 2022, a sua equipa resgatou uma menina de seis anos e o seu pai num insuflável que se afastou da costa. “Não existe uma profissão de nadador-salvador, não existe porque não há condições. Não é uma atividade devidamente reconhecida”, comenta. A menos que se sinta na pele, na própria ou de gente bem próxima. “Fazemos uma coisa que ninguém dá conta, que é a prevenção.” Num dia de bandeira amarela ou vermelha, o areal de 2,5 quilómetros da praia da Nazaré é percorrido as vezes que forem necessárias, abordam-se banhistas, não vá para ali, não faça isso, cuidado com as rochas. Os motivos são vários. Daniel Meco já fez as contas por alto e serão mil pessoas com quem falam por dia.
“Não me deixes morrer”
O caso teve projeção nacional, jornais, televisões, programas, comentários. Uma menina de 13 anos foi resgatada e salva, uma mulher de 40 anos desapareceu nas ondas, encontrada pouco depois sem vida. 10 de junho de 2022, feriado, Dia de Portugal, praia da Lagoa, Póvoa de Varzim, areal à pinha, bandeira vermelha, o mar estava picado, encrespado, Atlântico Norte revolto. Renato Jacobs, nadador-salvador, ouviu três apitos, sinal de alerta, estava na praia dos Beijinhos, a 300 metros, correu para o local, centenas de pessoas em direção à água, percebeu imediatamente o que se estava a passar.
Renato, coordenador da zona, deu instruções aos colegas para ficarem na areia, com bandeira vermelha não são obrigados a socorrer, até podem ser multados. Entraria ele naquele mar, assumiria a responsabilidade, treina todos os dias, é nadador-salvador todo o ano. Analisou as correntes, a rebentação, o melhor sítio para entrar, atirou-se ao mar. “Não pensei duas vezes”, diz. A rapariga e a mulher caminhavam junto à água, iam molhar os pés, uma onda maior derrubou-as, levou-as.
Alcançou a menina e ouviu-a dizer: “Não me deixes morrer”. “Aí caiu-me tudo.” Por instinto de sobrevivência ou por aulas de natação, Renato nunca chegou a perceber, ela estava em posição de estrela-do-mar, a boiar, braços e pernas afastados, e não entrou em pânico. “O segredo é manter a calma e vir à superfície.” Foi o que ela fez. Agarrou-a, abraçou-a da maneira mais forte possível, a 50 metros viu a mulher em posição de medusa, cara dentro de água. Quis avançar, ir em sua direção. “Mas uma onda empurrou-nos para longe.” Os colegas ajudaram-no a sair do mar, ainda teve uma cãibra, a rapariga nunca perdeu a consciência, estava exausta. Quiseram levá-lo ao hospital, Renato recusou, tinha de trabalhar, assinou um termo de responsabilidade, voltou à praia.
A 11 de fevereiro de 2020, Alex Botelho, surfista de ondas gigantes, ficou inconsciente no mar durante seis longos minutos, mais quatro minutos na areia até recomeçar a respirar. Estava na praia do Norte, no Nazaré Tow Surfing Challenge, o mar dali igual a ele próprio, ondas de mais de 20 metros. A mota de água onde seguia foi atingida por uma vaga, embateu no reboque, foi projetado, ficou a flutuar de cabeça para baixo, chegou à praia, foi puxado para o areal. Sete dias nos cuidados intensivos, os primeiros cinco bastante críticos. Toda a gratidão aos profissionais que lá estavam, aos que o socorreram. “Só tenho a agradecer, fizeram tudo e mais alguma coisa, para além do que era possível.” Quanto ao cumprimento dos requisitos de segurança por parte da organização é outra história. Alex Botelho processou a Liga Mundial de Surf por negligência, o caso aguarda desfecho. Não havia uma pessoa atrás do jet ski como seria suposto. Era difícil levantar o seu corpo de 90 quilos, mais fato molhado. O plano de segurança não foi cumprido à risca, em sua opinião. “É um desporto de risco e tenho essa consciência.” Uma coisa é ir para dentro de água com todas as condições de segurança acauteladas, outra coisa é isso não acontecer.
Percebeu logo que ia ser uma situação crítica. E pensou: “É melhor aguentar-me que isto vai ser duro, fui projetado para o ar, tive a sensação de perder os sentidos”. O surfista do Algarve, 32 anos, conhece muitas praias, muitas ondas. Os nadadores-salvadores são reconhecidos? “É uma profissão extremamente importante e fundamental nas praias, devia ser um trabalho altamente valorizado.” Ele vê, ele sabe. “É preciso estar ali, de manhã à noite, ao sol, sempre atentos ao que possa acontecer. Ter essa atenção e essa consistência para uma situação que nunca se sabe quando vai acontecer.”
A cada três dias, morre, em média, uma pessoa afogada. Neste ano, até 31 de maio, foram registadas 49 mortes por afogamento em meio aquático. Há um ano, por esta altura, contavam-se 68 mortes, um recorde dos últimos cinco anos, 97,15% em locais não vigiados, 72,1% das vítimas eram homens. Os recordes não estacam, os números de 2022 serão conhecidos em breve. Em 2021, morreram 101 pessoas afogadas em vários contextos aquáticos, morre-se mais em rios, em barragens, em tanques, do que no mar. Em 2020, contaram-se 122 afogamentos, em 2019 foram 113, em 2018 foram 117. Por ano, fazem-se entre 900 a 1200 salvamentos em meios aquáticos
A Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores (FEPONS) fala, insiste, bate nas mesmas teclas, volta a fazê-lo as vezes que forem necessárias. Continua a tapar-se o sol com a peneira, a fazer omeletes sem ovos, os políticos passam ao lado da questão, as escolas continuam a ter apenas duas páginas sobre segurança aquática na terceira classe, nada mais depois disso, as associações de nadadores-salvadores não têm estatuto, as sugestões feitas há anos esbarram no silêncio. Alexandre Tadeia, presidente da FEPONS, nadador-salvador há 30 anos, formador, professor universitário, membro da Federação Mundial de Salvamento Aquático, traça cenários, fala de problemas, aponta possíveis soluções. E continua a pôr o pé na areia, a vestir o fato de nadador-salvador quando é preciso. Sabe do que fala, portanto. Aliás, os 20 elementos dos órgãos sociais da federação têm pelo menos 15 anos de experiência como nadadores-salvadores. Não é teoria, há prática agarrada às palavras, aos alertas, aos apelos.
Há duas semanas, a FEPONS dava conta de que ainda faltavam 31% dos nadadores-salvadores, os números estão a ser atualizados, a época balnear começou há pouco. Alexandre Tadeia faz cálculos com o que existe: para 700 piscinas de uso público seriam precisos 1500 nadadores-salvadores – abre parênteses, a legislação não é cumprida, há espaços a funcionar sem esses profissionais -, com 1500 unidades balneares marítimas vigiadas seriam precisas duas pessoas e meia, em média, mais 3750 nadadores-salvadores, praias fluviais é outra realidade, as condições para banhos proporcionam-se sobretudo no verão, também precisam de vigia. Feitas as contas, seriam necessários 5500 a seis mil nadadores, só há 4500 com formação, devidamente certificados. A corda não estica. E se há falta cá, há nadadores-salvadores que vêm de lá, do outro lado do Atlântico, da América do Sul, nomeadamente do Brasil e da Argentina – aproveitando dois verões, o de lá e o de cá. Uma maneira de suprir necessidades.
Entretanto um inquérito revelou que só metade volta ao trabalho no ano seguinte, de ano para ano, perdem-se 50% dos nadadores-salvadores no verão. Há várias razões para que assim seja, adianta o presidente da FEPONS. “A quantidade excessiva de horas que trabalham na época balnear, 50, 60, 70 horas por semana. É uma carga horária brutal.” É como uma pescadinha de rabo na boca: muitas horas, aguenta-se um ano, no seguinte pensa-se duas vezes. Outra razão é a sazonalidade, os estudantes universitários que são nadadores-salvadores acabam os cursos, entram no mercado de trabalho, voltar às praias deixa de ser uma opção. Depois não há incentivos, a FEPONS apresentou várias sugestões em 2014, descontos nas propinas, isenções no IRS, incentivos como os que os bombeiros têm. Nada aconteceu. “Todos os anos, tapamos o sol com a peneira”, observa Alexandre Tadeia. E o segredo até pode estar na motivação que se esvanece cada vez mais.
As horas, a sazonalidade, a motivação
Hugo Bidarra, natural de Mafra, 24 anos, já não é nadador-salvador, está em Lisboa, mudou de perspetiva profissional, não dá para viver de um trabalho sazonal. Foi nadador-salvador seis anos, fica a experiência, recordações e perceções. “Os banhistas olham para nós, nadadores-salvadores, como se fôssemos da série “Marés vivas”, estamos ali para tudo e mais alguma coisa. 90% do tempo parece que estamos parados”. Não estão. “Estamos dez horas ao sol e temos de estar concentrados, mais vale prevenir do que estar a salvar alguém, dizemos para não irem para lugares perigosos, para dentro das correntes, dos fundões, analisamos comportamentos de risco.” “Não temos muito apoio do Estado, o único apoio é a nossa formação. De resto, é tudo posto nas costas das associações e dos concessionários”, sublinha.
Ricardo Ventura, 25 anos, nadador-salvador há oito anos, sente que a profissão é “mais ou menos valorizada”. Os recursos não são suficientes, os contratos são instáveis. Alta responsabilidade, alto risco, alto desgaste. Os nadadores-salvadores têm uma formação de 150 horas, exame a cada três anos, a idade mínima é de 18 anos, não há máxima, a maioria é do sexo masculino, a procura feminina começa a aumentar, ainda é tímida.
Renato Jacobs, 33 anos, dez como nadador-salvador feitos em abril, não se importa de bater na mesma tecla. “Respeitar as bandeiras vermelhas é fundamental. Com bandeira vermelha, não se molham os pés, mesmo que esteja muito calor.” O Atlântico tem as suas manhas. “O mar não é certo, dá uma falsa sensação de segurança”, avisa. É traiçoeiro, como se sabe. E não há assim tanta gente que o saiba ler. Depois há as condições, os recursos, os meios. “Quem paga os nossos ordenados é o concessionário, o Estado não ajuda muito, esta profissão devia ser mais valorizada. Trabalhamos muitas horas, de segunda a segunda”, realça. “Queremos melhores condições. Para fazermos um trabalho melhor, precisamos de mais meios”, afirma.
Ainda hoje não sabe o nome da miúda que salvou. “Não me sinto um herói, gosto de fazer o meu trabalho bem feito. É mesmo amor à causa, à profissão, não é para ficar rico”, acrescenta. É aquela máxima de ajudar o próximo e de deixar o Mundo um lugar melhor. Não é para enriquecer, o seguro não é chorudo. Em tempos, quis saber e fez os cálculos. “A minha vida não vale mais de cinco mil euros.”
A FEPONS não se importa de repetir o que anda a dizer há anos, verão após verão. As praias deviam ser vigiadas todo o ano, naturalmente com um dispositivo diferente do verão. É preciso aumentar a cultura de segurança aquática e começar pelas escolas – na Noruega, adianta Alexandre Tadeia, os alunos têm aulas de natação nos primeiros três anos da escola, no quarto fazem exame de 100 metros em menos de dois minutos, no 2.º Ciclo falam de segurança aquática, no 3.º aprendem salvamento, no Secundário primeiros socorros. É necessário dar às associações o mesmo estatuto dos bombeiros, o que lhes permitiria ter uma zona, serem apoiadas pelo Estado. “Devia haver um estatuto, o Estado olha para elas [associações] como empresas. É uma área humanitária, não é uma área comercial”, repara o presidente da FEPONS.
E porque não criar uma taxa municipal para que todo o comércio, que faz negócio na época balnear, contribua para a assistência a banhistas? E porque não repensar os postos de praia, essas áreas com algum equipamento e uma corda à volta a delimitar o espaço, que existem assim tal e qual desde 1910. Porque não ter torres que protejam os nadadores-salvadores?
Alexandre Tadeia dá o exemplo dos norte-americanos. Cada câmara tem um departamento de salvamento aquático, nadadores-salvadores contratados o ano inteiro, no verão reforça com contratos sazonais com benefícios fiscais e sociais. “Quando politicamente não se entende a importância da segurança aquática e não há respostas, está tudo dito.”
Jorge Fona, nadador-salvador da praia do Barranco das Belharucas, em Albufeira, sabe que num dia de verão numa praia do Algarve, onde estão milhares de pessoas, alguma coisa pode acontecer. E acontece. “Cada praia tem as suas especificidades, as suas características, e nós damos assistência. Tudo o que acontece na areia, somos os primeiros a chegar”, diz. Em junho do ano passado, pela altura dos Santos, um homem de 72 anos, de Lisboa, sentiu-se mal na linha de água, junto ao mar. Doença súbita, paragem cardíaca, perdeu a consciência. Jorge e a sua equipa entraram em ação. “Fui percebendo o que estava a acontecer, pedi o que era necessário, iniciámos a reanimação manual com compressões, como não resultava, pedimos o desfibrilador”, recorda. Meia hora de manobras, ambulância do INEM, transporte para o Hospital de Faro. O senhor sobreviveu, voltou à praia para agradecer, Jorge Fona estava de folga nesse dia.
No dia do salvamento, a equipa do INEM mandou-lhe uma mensagem grata pela prestação e dedicação da equipa, a dar os parabéns pela rápida atuação que salvou aquele homem numa zona de difícil acesso. O agradecimento pelo final feliz naquele dia. Jorge Fona, natural de Vila Viçosa, 45 anos, da Associação de Nadadores-Salvadores de Albufeira, fez a primeira formação em 1999, está no Algarve desde 2001, primeiro no Sotavento, depois em Albufeira a partir de 2007, não conta os salvamentos que faz, não tem contactos da gente que socorreu no mar. São momentos que vão e vêm à memória, atribuiu-lhes o que considera o seu lugar. “Não é nenhum ato heroico. Temos de estar preparados.” E ele está, está sete meses na praia, desde um pouco antes da Páscoa até outubro terminar. “O nosso lema é prevenir”, repete. Parece simples, mas não é.