Verney: do cato se fez um sapato

Os novos modelos da marca são de um material curioso e ainda pouco utilizado na indústria: os catos

A marca Verney trouxe ao mercado calçado feito com materiais alternativos. A nova aposta é peculiar, curiosa, pouco utilizada e cheia de potencial.

Reinventar, inovar, ser amigo do ambiente. Palavras que muito se ouvem atualmente. Maioritariamente no mundo da moda. E é com esses valores que a marca portuguesa Verney tem vingado . “O nosso pilar principal é a inovação. Estamos sempre à procura de materiais inovadores”, diz Cristóvão Soares, cofundador da marca. A empresa de calçado “desafia a indústria nacional” pelo uso de materiais alternativos ao couro animal. A maçã, o cânhamo (vegetal que pertence à espécie da canábis), o milho, garrafas plásticas e roupa recicladas são algumas das apostas da Verney para a produção de sapatos.

Os novos modelos da marca são de um material curioso e ainda pouco utilizado na indústria. E é algo que, muito provavelmente, tem em casa. A alternativa não só é sustentável como também é vegan. Do que falamos? Dos catos. Sim, as plantas com espinhos. Abundantes nos cenários desérticos e quentes. Que não precisam de muita água. Mas como é que se transforma um cato em sapato? As folhas são extraídas, limpas e secas ao sol. Posto isso, “procede-se à extração da proteína da planta, que será transformada numa bio-resina. Esta é misturada com outros ingredientes, como o algodão”. Com esta mistura, obtém-se um tecido que é utilizado na produção do calçado. E, da mesma forma que usam produtos vegetais ou reciclados para os sapatos, as solas não diferenciam muito nesse aspeto. Bolas de ténis, café e cortiça são alguns dos materiais transformados para esse efeito.

De olho no futuro, Cristóvão revela qual o próximo investimento que está a ser estudado. E surpreendente como os demais. A manga. De que, à semelhança dos outros materiais, seriam utilizados a casca e as fibras para transformar em tecido.

A investigação é contínua. E as ambições também. Mas, por enquanto, a Verney está “a querer consolidar-se na indústria do calçado de senhora e, mais tarde, no calçado masculino. Talvez um dia estender para os acessórios”, afirma o cofundador. Mas sempre sem perder a inovação e a sustentabilidade.