O "Consultório de Sustentabilidade" desta semana, por Joana Guerra Tadeu.
Reciclados, compostáveis, reutilizáveis, quais os sacos mais sustentáveis?
João Antunes, pergunta recebida por email
Depende. Para uma avaliação do impacto de um saco consideramos três variáveis: a produção, o tempo de vida e do descarte. Quanto mais espetacular o saco mais pesada a produção, quanto mais descartável menos tempo de vida, quanto mais duradouro o material maior o impacto do descarte. Assim:
· Os reciclados são sempre mais sustentáveis do que os seus equivalentes que usaram matérias-primas virgens;
· O pior é o que só usamos por 25 minutos, o tempo médio de vida útil de um saco considerado descartável, a que damos uso apenas na deslocação da loja para casa;
· Em termos de impacto no descarte, o pior saco é o de plástico, já que a maioria não é reciclável (e se for, será apenas uma vez antes de o material perder a capacidade de ser transformado). Estes sacos demorarão cerca de mil anos a decompor-se num aterro, sem nunca desaparecerem completamente, são uma ameaça séria à vida selvagem se mal descartados e desfazem-se em microplásticos se forem parar aos oceanos;
· A informação de que um saco é compostável é desprezível, a maioria dos portugueses irá coloca-los no lixo indiferenciado que será encaminhado para aterro ou incineração, onde o facto de serem compostáveis não é relevante.
Curiosamente, o saco com menor impacto na produção é o de plástico leve, mas a maioria dos investigadores concorda que o impacto associado à descartabilidade faz com estes devam ser extintos pelo bem do ambiente. Então, quais os materiais alternativos mais sustentáveis:
· Papel: 9 utilizações para bater o plástico no que toca ao impacto da produção;
· Polipropileno e poliéster (os reutilizáveis de plástico mais grosso): 3 ou 4 utilizações e já estão a ganhar aos descartáveis;
· Algodão: precisam de ser usados 101 a 149 vezes (ou dois anos de utilizações semanais) para compensarem o impacto da produção;
· Trolley: 742 vezes ou 15 anos de utilizações semanais para compensar o impacto da produção, por isso, se investir num, exija qualidade e uma longa garantia.
Conclusão: não volte a adquirir um saco; use os milhentos que já tem em casa.
*A NM tem um espaço para questões dos leitores nas áreas de Direito, Jardinagem, Saúde, Finanças pessoais e Sustentabilidade. As perguntas para o Consultório devem ser enviadas para o email [email protected].
