Dispositivo portátil para usar em qualquer situação e lugar, mesmo sem energia e sem Internet, venceu um prémio de inovação. A precisão ultrapassa os 99%. A ideia nasceu numa startup com sede em Braga.
Primeiro, o sangue. A amostra é colocada num cartucho, cada cartucho corresponde ao tipo de teste que se quer fazer, e é aí que acontecem as reações químicas entre o sangue e os reagentes. Segundo, visão computacional. O cartucho é inserido no dispositivo e os algoritmos personalizados analisam a reação em tempo real para obter um resultado seguro, confiável. Terceiro, hardware inteligente. Os resultados aparecem no ecrã e o wi-fi e o 5G permitem a partilha de dados de forma rápida e eficiente. Confiança, acessibilidade e rapidez são as palavras-chave desta inovação sem concorrência.
Em 2022, o dispositivo portátil que permite testes ao sangue em apenas três minutos, com 18 por 18 centímetros, venceu o “Born from Knowledge (BfK) Awards”, atribuído pela Agência Nacional de Inovação, no âmbito do processo de seleção nacional de projetos para o World Summit Awards desse ano. A visibilidade é evidente, o alcance também.
O conceito nasceu na CRIAM (Chemical Reaction and Image Analysis for Mobility), startup com sede em Braga e filial em Lisboa, spin-off da Universidade do Minho, focada em fornecer diagnósticos no local, otimizando serviços de exames ao sangue. O protótipo está feito, a ideia validada, o dispositivo inovador chega ao mercado em 2024. “Não existe nenhum equipamento como este, é mais rápido do que qualquer um que existe no dia de hoje”, adianta Vítor Crespo, engenheiro informático, CEO da CRIAM.
As vantagens estão descritas. Testes em três minutos em qualquer lugar, em qualquer situação, seja numa ambulância, seja em sítios de difícil acesso, sem acesso à Internet ou sem energia, graças à conetividade sem fios. Chega-se com rapidez a um resultado de compatibilidade em caso de urgência, permite reduzir a dependência em relação ao tipo de sangue O negativo. Respostas céleres em cenários complicados, o que significa muito, nomeadamente o controlo de doenças infecciosas. Sabe-se, por exemplo, que, por cada minuto de atraso na entrega de sangue a um doente com trauma, a mortalidade aumenta em 5%.
“A precisão é de 99,2%”, refere Vítor Crespo. O caminho foi longo. “Não é um processo simples, não é uma app, demorámos cinco anos a concretizar o dispositivo”, lembra. O prémio conquistado confere credibilidade à inovação. E os cálculos estão feitos, o dispositivo portátil é 80% mais barato que os equipamentos convencionais.