Recipientes de takeaway: recicláveis ou não?

(Foto: Freepik)

O "Consultório de Sustentabilidade" desta semana, por Joana Guerra Tadeu.

Embalagens de comida takeaway com gordura: plástico, alumínio, papel… recicláveis ou não?
Leonor Guerreiro, pergunta recebida por email

Depois de “como acabamos com o sistema que destrói o Planeta e torna as pessoas miseráveis?” não há pergunta que surja mais vezes na minha caixa de mensagens. Insólito: as respostas a ambas são quase igualmente complexas. Quanto aos recipientes de takeaway, vejamos:

Os de papel, molhados ou com gordura (incluindo as caixas de piza), não são recicláveis e podem contaminar o papel e o cartão limpos que já estejam no ecoponto azul. Devem ir para o lixo indiferenciado.

Os de plástico e esferovite, incluindo caixas, potes de sopa, tigelas e respetivas tampas, bem como cuvetes de alumínio, devem ser escorridos e colocados no ecoponto amarelo, mesmo que estejam sujos de gordura. Atenção: escorrer não é lavar! Não desperdicemos água em embalagens que vão ser lavadas em processos industrializados.

Talheres descartáveis, palhinhas e guardanapos, independentemente do material de que são feitos, não são recicláveis. Depois de reutilizados tantas vezes quanto possível, devem ser colocados no lixo indiferenciado.

Os sacos de transporte podem ser reciclados, indo os de plástico para o ecoponto amarelo e os de papel – desde que estejam limpos e secos – para o azul. Antes de os deitar fora, devemos reutilizá-los até que já não sirvam o seu propósito.

Tendo em conta os sistemas de recolha e tratamento de resíduos atualmente disponíveis em Portugal, embalagens bioplásticas, compostáveis e biodegradáveis, salvo raríssimas exceções, devem ser colocadas no lixo indiferenciado e acabarão em aterros ou incineradoras.

Só na União Europeia, são usadas 2025 milhões destas embalagens por ano e reciclá-las pode ajudar a reduzir emissões equivalentes às geradas por 55 mil automóveis anualmente (Universidade de Manchester, 2018). Mas, tendo em conta que a reciclagem é cara, utiliza grandes quantidades de água e energia e vai reduzindo a qualidade dos materiais até que se tornem inúteis, a chave está na redução da utilização de produtos descartáveis a favor dos reutilizáveis, através de mudanças sistémicas no nosso estilo de vida que nos permitam abdicar do conforto do takeway mais vezes – trabalhar menos horas, por exemplo.

Joana Guerra Tadeu, ativista pela justiça climática e autora de “Ambientalista Imperfeita”

*A NM tem um espaço para questões dos leitores nas áreas de Direito, Jardinagem, Saúde, Finanças pessoais e Sustentabilidade. As perguntas para o Consultório devem ser enviadas para o email [email protected].