Protetores solares: filtros químicos, minerais e a sinalética não regulada

(Foto: Pexels)

O "Consultório de Sustentabilidade" desta semana, por Joana Guerra Tadeu.

Qual é o protetor solar mais amigo do ambiente?
Ana Soares, pergunta recebida por email

Nenhum. A ciência não provou que a forma como utilizamos os filtros solares químicos é prejudicial para os corais ou os ecossistemas aquáticos nem consegue garantir que a troca por filtros minerais crie menos toxicidade ecológica.

Um estudo, de 2015, publicado na “Archives of Environmental Contamination and Toxicology”, levantou uma série de questões quanto aos impactos da oxibenzona nos corais, um ingrediente incluído em mais de 3500 loções de proteção solar à venda por todo o Mundo. As investigações que se sucederam resultaram em conclusões que os próprios investigadores consideram insuficientes para abolir a sua utilização.

O mercado respondeu com a criação de mais de 100 produtos com sinalética não regulada sobre as características ecológicas. Estas alternativas são os filtros minerais, em que os ingredientes ativos, o óxido de zinco e o dióxido de titânio, formam um bloqueio físico que protege a pele ao impedir que absorva raios UV (enquanto os filtros químicos absorvem esses raios e os transformam em calor). O óxido de zinco e o dióxido de titânio são eficazes na proteção da pele, mas, apesar de serem considerados “reef safe” – nomenclatura utilizada pelas farmacêuticas para identificar os produtos “amigos dos corais” -, também têm impactos negativos nos meios aquáticos, sobretudo se forem utilizados em nanopartículas.

Muito mais preocupante que os efeitos de qualquer filtro solar é o efeito que tem o aumento do nível médio dos oceanos, da temperatura, da acidificação, da poluição e da sobrepesca. Com tantos outros impactos comprovados e muito mais nocivos para os corais e os ecossistemas aquáticos em que podemos agir sem pôr em causa a saúde pública, o foco nos filtros solares não passa de um absurdo capitalista.

Use protetor solar, seja ele qual for, preferindo embalagens inquebráveis, recicláveis, sem tampas amovíveis (que se podem perder, causando poluição), ignorando qualquer simbologia não regulada; como medida preventiva do possível impacto ecológico dos protetores solares, leia os ingredientes e evite a oxibenzona e o ethylhexyl methoxycinnamate nos filtros químicos e as nanopartículas nos filtros minerais.

Joana Guerra Tadeu, ativista pela justiça climática e autora de “Ambientalista Imperfeita”

*A NM tem um espaço para questões dos leitores nas áreas de Direito, Jardinagem, Saúde, Finanças pessoais e Sustentabilidade. As perguntas para o Consultório devem ser enviadas para o email [email protected].