
Pequenos percursos com muitos detalhes e desafios à mistura permitem conhecer bairros de Lisboa. Carina Vieira criou a Play Slow. Desenha, escreve e costura.
A ideia surgiu durante a pandemia. A filha, Alice, na altura com três anos, naquela idade dos porquês, fazia perguntas sobre tudo e mais alguma coisa durante os passeios higiénicos por ali perto de casa, Campo de Ourique, jardim da Estrela, em Lisboa. A mãe Carina Vieira, designer gráfica, pensava como dar respostas e explicações sem ser maçadora. “Comecei a observar muita coisa em que nunca tinha reparado”, recorda. Requisitou livros na biblioteca para se munir de informações. O seu projeto Play Slow viu a luz do dia em setembro do ano passado, como uma marca que pretende proporcionar momentos felizes às crianças e suas famílias. Brincar sem pressas.
Carina Vieira colocou mãos à obra. Até ao momento, escreveu e desenhou três guias para conhecer dois bairros lisboetas e um jardim. “São pequenos percursos para descobrir uma pequena zona em grande pormenor”, explica. Campo de Ourique, 2,2 quilómetros, piso plano, Igreja de Santo Condestável pelo caminho, várias curiosidades. Tapada das Necessidades, 1,7 quilómetros, um mapa, pontos marcados, árvores e pássaros. Jardim da Estrela, o mais recente guia, lançado em abril, menos de um quilómetro, a história, a escultura, as estátuas. São guias para miúdos curiosos, dos sete aos 13 anos, e famílias divertidas e interessadas em conhecer determinado local em várias dimensões, história, património, fauna, flora, curiosidades. “Conhecer em pormenor um sítio pequeno”, reforça a designer gráfica.
Há mais coisas dentro dos guias. Desafios durante o trajeto para captar o interesse, para envolver. Carina Vieira desvenda alguns, encontrar o nome do livro que uma estátua tem na mão, abraçar uma árvore de tronco largo para perceber quantas pessoas da família são precisas para esse gesto de amor. “As famílias passam mais tempo juntas e aprendem enquanto brincam.” Esse é também um dos maiores objetivos do seu projeto.
E ela faz tudo, escreve e trata das ilustrações, e ainda se dedica à costura para fazer acessórios faz de conta, como lhes chama. Um avental de cozinheiro(a) com um cortador de bolachas (21 euros), uma luva de cozinha para criança (4,30 euros), um avental de cintura de jardineiro(a) com uma embalagem de sementes que são surpresa (19,70 euros). Tudo feito à mão, costurado artesanalmente.
Os livros custam 10 euros e estão à venda online. Carina Vieira pretende expandir a obra, criar uma coleção de guias para famílias curiosas. “Ideias não me faltam, arranje eu tempo”, indica. Uma coisa é certa, o que surgir será sempre pensado para que miúdos e graúdos passem tempo de qualidade e partilhem momentos divertidos.