Petteri Orpo: pragmático e conservador

Petteri Orpo é líder do Partido da Coligação Nacional e vencedor das eleições legislativas finlandesas

Nasceu numa pequena aldeia rural, filho de professores. “Seguro e protegido”, aprendeu a ler e a escrever na escola primária que ficava ao lado de casa. Praticou escutismo e pesca. Austeritário, pretende inverter a política de Marin.

Contrariando o nome, pertence a uma família “grande e completa”. Orpo – órfão em suómi – recorda no site pessoal a “infância feliz”, com os pais e duas irmãs mais velhas, a que se juntam, hoje, a mulher, os dois filhos, os cães Pesso e Taavi. Uma “ história de vida fantástica”, diz o mais que provável novo primeiro-ministro da Finlândia e líder do Partido da Coligação Nacional, de centro-direita, vencedor das eleições legislativas de 2 de abril, garantindo 48 dos 200 assentos parlamentares, contra os 43 obtidos pelo partido da atual primeira-ministra, a social-democrata Sanna Marin.

Considerado um forte negociador, Petteri Orpo, agora chamado a formar governo, é membro do Parlamento desde 2007 e líder da Coligação Nacional desde 2016, depois de desafiar Alexander Stubb, seu antecessor na presidência do partido e ex-primeiro-ministro. Um percurso político de 35 anos, ambicioso, com passagem por vários cargos de peso: vice-primeiro ministro (2017 a 2019), ministro das Finanças (2016 a 2019), ministro da Agricultura e Florestas (2014 a 2015) e ministro do Interior (2015 a 2016).

“Com vista a impulsionar o crescimento económico”, este conservador fiscal, austeritário, pretende reduzir o défice e baixar os impostos – objetivos maiores apresentados em campanha eleitoral – à custa de cortes nos benefícios públicos e nos apoios sociais.

Orpo atacou o Governo de Marin pelo “aumento irresponsável da dívida pública”. E ganhou elogios dos partidos anti-imigração, pela gestão, enquanto ministro do Interior, da crise migratória de 2015, quando este país nórdico viu multiplicar por dez o número de refugiados. Prevê-se, por isso, um Governo de centro-direita com tons nacionalistas.

Formado em Ciência Política, é um líder pragmático “que ouve e pretende ser inclusivo”, diz a imprensa. Marcado pelo comportamento sóbrio e discreto, o líder conservador está longe do carisma de Marin. De resto, a ainda primeira-ministra é das poucas pessoas que o faz perder a “amabilidade e a calma”, características que geralmente mantém inalteradas. Em outubro de 2022, foi acusado de menosprezar as mulheres, obrigando-se a desculpas públicas, depois de referir, num debate, os “gritos” de Marin e da ministra das Finanças, Annika Saarikko.

Nova polémica estalou em dezembro do mesmo ano, com as críticas ao ministro da Defesa, Antti Kaikkonen, por tirar licença parental em plena candidatura da Finlândia à NATO, a fazerem manchetes dos jornais. Os comentários foram considerados “uma imposição de estereótipos negativos sobre os pais”.

Orpo, 53 anos, nasceu em Köyliö, pequena aldeia rural do sudoeste, filho de professores. “Seguro e protegido”, aprendeu a ler e a escrever na escola primária que ficava ao lado de casa. Praticou escutismo e pesca. Frequentou o serviço armado nacional obrigatório da Finlândia e tornou-se um oficial na reserva. Os anos de serviço militar agradaram-lhe. A ponto de considerar matricular-se na escola de cadetes. Mas a admissão na Universidade de Turku alterou os planos. “Os meus anos de universidade em Turku foram fantásticos”, escreve no site pessoal. Chegou ao campus ansioso por participar no associativismo estudantil. “Nasceu nesses anos o engajamento cívico que ainda hoje mantenho.” Em agosto de 1994, foi eleito secretário-geral da União Estudantil. Defendia então “o aumento das bolsas estudantis”. Em 1998, tornou-se diretor executivo do Partido da Coligação Nacional do Sudoeste. “Estamos perante um político de carreira, no ativo desde a década de 1990. Há quem o critique por ser calmo e maçador, mas essas características funcionam muito bem na Finlândia”, dizem comentadores políticos. Caso consiga formar Governo, Orpo será primeiro-ministro. Vesa Vares, professora de História Contemporânea da Universidade de Turku, define-o: “É uma espécie de genro de sonho”. Pai de dois rapazes, gosta de caminhadas e de praticar ski.

Anti Petteri Orpo
Cargo:
líder do Partido da Coligação Nacional e vencedor das eleições legislativas finlandesas
Nascimento: 03/11/1969 (53 anos)
Nacionalidade: Finlandesa