Os benefícios ou malefícios dos adoçantes

(Foto: Freepik)

O "Consultório Médico" desta semana, por Dinis Brito.

Será que a utilização de adoçantes é segura?
Irene Santos, pergunta recebida por email

Os adoçantes artificiais são substâncias químicas de baixo (ou até mesmo nulo) teor calórico que foram introduzidas na nossa alimentação com o objetivo de substituir o açúcar.

O aumento de doenças metabólicas crónicas, tais como a diabetes, fez, e faz, crescer o interesse por estas substâncias. São exemplos destas o aspartame, a sacarina, a sucralose, o xilitol, o sorbitol, a stevia, sendo possível encontrá-las em refrigerantes, refeições pré-confecionadas, pastilhas elásticas, dentífricos entre muitos outros.

As primeiras suspeitas de insegurança com a utilização de adoçantes datam de 1970, quando o ciclamato foi retirado do mercado americano devido à possibilidade, levantada em estudos com ratos, de cancro da bexiga. Alguns anos mais tarde, estudos semelhantes também associaram a sacarina a risco de cancro da bexiga.

Estas dúvidas forçaram a realização de estudos de grandes dimensões com humanos que forneceram fortes evidências de que os adoçantes artificiais são seguros para as pessoas. Foi estabelecido que o risco verificado em roedores se deve a mecanismos não presentes nos humanos. Acresce ainda que a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos procede a uma rigorosa avaliação de segurança antes de os adoçantes poderem ser utilizados em alimentos e bebidas definindo também a quantidade máxima considerada segura para consumir diariamente ao longo da vida.

Portanto, sim, o consumo moderado de adoçantes é seguro e potencialmente útil na diminuição do risco de cárie dentária e no controlo dos níveis de açúcar no sangue. Por outro lado, ao contribuir para a redução de calorias ingeridas pode ajudar na perda de peso.

Contudo, como em qualquer história, há sempre um mas. O consumo de xilitol, sorbitol, ou semelhantes, pode causar sintomas gastrointestinais tais como distensão abdominal, flatulência e diarreia. Por outro lado, o aspartame é desaconselhado às pessoas com fenilcetonúria por aumentar os níveis de fenilalanina (doença genética dificulta o processamento desta substância). Por atravessar a placenta, a utilização de sacarina pelas grávidas deve ser cautelosa. Alguns autores reportam ainda que os adoçantes poderão ter um efeito estimulante sobre o apetite adivinhando um papel paradoxal no ganho de peso e obesidade.

Resumindo, o consumo moderado de adoçantes é uma alternativa válida e segura.

Despeço-me esperando que 2023 lhe reserve muita doçura. Um Bom Ano!


*A NM tem um espaço para questões dos leitores nas áreas de Direito, jardinagem, Saúde e finanças pessoais. As perguntas para o Consultório devem ser enviadas para o email [email protected].