O objeto escolhido pela cantora e compositora Carminho.
“Os cadernos Emílio Braga acompanham a minha vida. É onde faço as minhas notas e escrevo os meus poemas. São cadernos que dão para abrir dos dois lados, os dois lados são capas que têm padrões e desenhos. De um lado, escrevo letras, temas, arranjos, tipos de instrumentação, misturas. Do outro, as coisas mais práticas. Às tantas, os assuntos encontram-se a meio. Mais tarde ou mais cedo, são o ponto de partida ou a resolução. São cadernos bonitos. Ando sempre com um, levo-o para todo o lado.
Há uns anos, encontrei um desses cadernos com poemas que fazem parte do meu primeiro disco. Não tinha noção de que esses versos, essas letras para fado, tinham sido escritos durante uma viagem que tinha feito. O mais engraçado é que há coisas que vou ler, coisas que me preocupam, que escrevi há 15 anos, e que escreveria hoje, o que reafirma a ideia de consistência, a matéria-prima do meu trabalho. Os discos estão relacionados com objetos e é muito este lado que tem acompanhado o processo de fazer. As ideias só são concretas quando são escritas.
Este ano, numa parceria com a Vida Portuguesa, apresentei uma edição especial dos clássicos cadernos Emílio Braga. É uma honra ter feito uma versão de um dos objetos mais significativos da minha carreira.”
Cantora, compositora
38 anos