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O meu objeto: o piano de Lena d’Água

Fotos: Carlos Alberto/Global Imagens

A cantora atua no Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, a 14 de fevereiro, no festival “Às Vezes o Amor”

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O objeto escolhido pela cantora Lena d'Água.

“Apaixonara-me por um grande piano de cauda que existia na casa em que morávamos em Viena, entre outubro de 1963 e junho de 1964. O nosso pai jogava no Viena de Áustria e ia buscar-me à escola. Mal chegávamos a casa sentava-me ao piano e inventava letras e músicas. Do alto dos meus sete anos, improvisava. Quando voltámos para Lisboa, trazia em mim o sonho de um dia ter um piano só meu. Demorou, mas lá consegui comprar um Samik vertical. O passo seguinte foi encontrar uma professora de piano e aprender a ler as pautas, mão esquerda para os baixos, clave de fá e mão direita para os agudos, clave de sol. A Gisela dizia-me que para ler as duas claves era preciso ser um nadinha estrábica. Apesar dos meus trinta e picos anos, foi fácil aprender a ler. E tão libertador! Primeiro, soletrava, com os tais olhos meio estrábicos e as minhas pequenas mãos nada treinadas. Cheguei a chamar-lhe o meu marido falecido. Mudou de casa comigo várias vezes, mas cada vez falávamos menos. Um dia resolvi que seríamos mais felizes cada um em sua morada, e desde aí que somos vizinhos muito próximos.”

Cantora
66 anos