O objeto escolhido pela atriz e encenadora Ana Nave.
“Esta mochila é o objeto que me acompanha sempre. Comigo já desceu mais de 15 países da Ásia, da Indonésia ao Japão, de norte a sul. Terá feito mais de 25 países, ainda este ano esteve na Índia. Comprei-a há 20 anos e está ótima. Está cheia de histórias. É uma mochila que serve sempre para me lembrar que precisamos de tão pouco para viver e vamos acumulando tanto ao longo da vida. Consegue, há tantos anos, sintetizar o que é mesmo necessário para viver, não é preciso um roupeiro tão grande (essa necessidade de consumo é que nos faz ter um roupeiro tão grande). Continua, todos os dias, a convidar-me para recomeçar alguma coisa.
Levo-a sempre para os teatros onde vou. Levo toda a minha bagagem para construir uma casa onde vou viver a partir de uma ficção aquilo que acaba por ser a minha vida. Faz-me recomeçar sempre um novo texto, um novo projeto. Cada espetáculo é um momento com outras palavras, com outros artistas. Neste momento, estamos com um espetáculo na Trafaria, um projeto comunitário que tem a Trafaria e o Tejo como cenário. Pessoas que para fugirem a esta vida cheia de urgência decidem fazer um retiro de silêncio na periferia de uma grande cidade. Como lidamos com as grandes questões da vida quando as palavras não estão lá? Precisamos todos uns dos outros. Precisamos de comunicar.”
Atriz, encenadora
55 anos