
O objeto escolhido pela locutora de rádio e escritora Elsa Teixeira.
“Uma boa caixa de memórias funciona como um intercidades, que pára em momentos-chave da nossa vida. A minha tem fotografias que me levam de volta aos cinco anos, e ao meu vestido preferido. Veio na mala do meu pai, quando ele conseguiu finalmente fugir da guerra civil de Angola e juntar-se a nós.
Mas também me leva aos meus 30, através de um pedido de casamento, um postal de nascimento do primeiro filho, ou palavras bonitas dos amigos, escritas em postais de aniversário. E tem postais de Natal de uma professora do Secundário que foi fundamental no caminho profissional que escolhi. Infelizmente perdi-lhe o rasto.
E se num momento estou a rir com passagens do meu diário da adolescência, que começa muitas vezes com ‘hoje foi o pior dia da minha vida’, noutro estou a ler os poemas que a minha avó materna me escreveu durante anos, no meu aniversário, e a sorrir.
Sei que o caminho é sempre em frente, mas de vez em quando gosto de abrir a minha caixa e ficar lá um bocadinho a ‘olhar para trás’.”
Locutora de rádio, escritora
43 anos