Susana Romana

O Chega, o despedimento do pivô Tucker Carlson e a candidatura de Biden

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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Véspera do 1 de Maio, o Dia do Trabalhador. Aguarda-se que manifestação vai o Chega inventar para sequestrar (com sucesso) as aberturas de todos os telejornais. Talvez algo na onda do trabalhador que vê os seus luxuosos empregos irem para emigrantes que dividem um quarto com outros 47 no Martim Moniz.

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No 25 de Abril, foi escandaloso como o ciclo mediático andou todo a pedra de toque de Ventura e companhia. Depois admiram-se dos resultados eleitorais. É como quando a rádio está a passar Harry Styles de cinco em cinco minutos e depois ficamos admirados por o Harry Styles esgotar a Altice Arena num ápice.

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O chinfrim da Assembleia, aquando da presença de Lula da Silva, revelou-se num golpe certeiro. A técnica mediática do Chega assemelha-se à dos concorrentes da Eurovisão: interessa pouco o conteúdo, desde que tenha um ar espetacular e faça muito barulho.

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Entretanto, o PSD de Luís Montenegro ultrapassou as intenções de voto do PS numa sondagem: 28,6% contra os 28,3% do partido de António Costa. Portanto, estamos a chegar àquela fase de saturação em que até uma tostadeira de marca branca pode ganhar a Costa.

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Segundo um inquérito do INE, 58% dos portugueses não leram nenhum livro no ano passado, sendo a “falta de interesse” o principal motivo. Se ao menos fizessem livros sobre relações familiares e histórias de amor, como são rigorosamente todas as telenovelas.

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Simultaneamente, os mais novos tentam safar isto. Nos primeiros três meses do ano, a venda de livros teve um aumento de 8,3%, sobretudo junto das camadas jovens. Neste momento, “larga os jogos do telemóvel e vai ler um livro” é um raspanete para dar a quem tem 50 anos e não a quem tem 15.

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou formalmente a candidatura às eleições de 2024. Só me parece que tenha estaleca para mais um mandato se pegarem na sua estátua de cera e a ligarem a um computador com ChatGPT.

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A Fox News despediu a sua maior figura: o pivô Tucker Carlson. Isto depois de terem sido reveladas mensagens em que confessava odiar Trump e não acreditar na versão de fraude eleitoral das presidenciais de 2020, um posicionamento oposto ao que tinha no ar. Isto é como despedirem o Cláudio Ramos por descobrirem que ele afinal detesta cusquices e reality shows.

[Artigo publicado originalmente na edição do dia 30 de abril – número 1614 – da “Notícias Magazine”]