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Nuno Coelho, um maestro nas partituras do Mundo

Fotos: Andrej Grilc

Nuno Coelho é maestro em Viena, Áustria

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Aos 34 anos, o portuense já dirigiu orquestras por todo o Globo, tem um percurso internacional invejável e quer tornar a música clássica mais acessível.

O pouso é Áustria, para onde foi aos 18 anos estudar violino e onde haveria de voltar no rodopio da vida. Trabalha frequentemente em Portugal, mas morar cá não está nos planos, mesmo que o Porto seja sempre o berço. Nuno Coelho é um dos jovens maestros mais requisitados da atualidade, com um percurso internacional digno de nota. Está sempre de malas feitas, numa vida itinerante – e muito Mundo tem corrido. Em 2022, assumiu o cargo de diretor artístico e maestro titular da Orquestra Sinfónica do Principado das Astúrias, selecionado entre dezenas de aspirantes (a par disso, vai trabalhando noutras orquestras, é maestro convidado da Orquestra Gulbenkian e ainda há meses foi escolhido pela Jovem Orquestra Nacional de Espanha para uma mini tournée ibérica).

Mas o caminho começou bem lá atrás, quando com nove anos, a ver os amigos estudar instrumentos, quis experimentar violino. Na adolescência, tocou pela primeira vez numa orquestra sinfónica e decidiu aí levar a música a sério. O resto é um emaranhado de talento, trabalho e “sorte” em momentos-chave, jura ele. “Não se trata só de talento e esforço. É perigoso achar que a meritocracia resolve tudo.”

Do Conservatório de Música do Porto, Nuno foi estudar violino para Klagenfurt, na Áustria, e mais tarde para Bruxelas. O interesse pela direção de orquestra começou a despertar e foi estudar isso mesmo em Zurique. O caminho já se adivinhava além-fronteiras. Quando, em 2017, venceu o prestigiado Concurso Internacional de Direção de Orquestra de Cadaqués, em Espanha, conquistou a oportunidade de dirigir cerca de 40 orquestras do Mundo e acumular concertos. “Foi o Cadaqués que me abriu portas. É uma rampa de lançamento, deu-me experiência, a possibilidade de rodar repertório, de consolidar a carreira. Para um maestro crescer tem que poder dirigir.” Há um dito, comenta ele, que reza que só se é bom maestro a partir dos 60 anos. “Porque são precisos muitos anos, tocar várias obras, trabalhar com muita gente e com orquestras diferentes para chegar lá.”

Nesse mesmo ano de 2017, também foi finalista no concurso do Festival de Salzburgo, na Áustria, antes disso fora maestro assistente da Orquestra Filarmónica da Holanda. O currículo é infinito. Hoje, vive em Viena por culpa da vida pessoal. “E gosto muito. Tem imensos concertos, casas de ópera, várias orquestras. Não é demasiado grande, há muitos parques”, conta.

Nuno tem ideias claras: quer tornar a música clássica acessível, “em termos do preço dos bilhetes”. E luta para que as orquestras tenham um papel social. “Há poucos espetáculos sustentados só com bilheteira. As orquestras existem porque há dinheiros públicos e se os há têm que dar algo à comunidade. No caso das Astúrias, há duas mini tournées em que a orquestra vai a cidades pequenas.” O discurso de que a música clássica está a morrer é antigo, “sempre faltaram jovens no público”. A solução, diz, é repensar os moldes. “Quem é que tem três horas livres e capacidade de pagar 50 euros por bilhete?”, questiona.

Sonhos? Dirigir mais óperas. “E continuar a ter ideias e a poder implementá-las.”

Nuno Coelho
Localização:
Viena, Áustria 48° 12’ N 16° 22’ E (GMT+1)
Profissão: Maestro
Idade: 34 anos