Mira ao senhor “banho de ética”

A PJ realizou buscas na casa de Rui Rio e nas sedes do PSD em Lisboa e no Porto. Em causa está a suposta utilização indevida de fundos públicos em contexto partidário. O caso une sociais-democratas e socialistas nas críticas ao MP.


200 mil

O montante (em euros) da subvenção estatal atribuída ao grupo parlamentar do PSD que terá sido canalizada para colaboradores que trabalhavam exclusivamente para o partido.

A tese do Ministério Público
Entendem os magistrados que, ao usar tal verba para pagar a colaboradores do partido, Rui Rio pretendia poupar dinheiro dos cofres partidários, transferindo os custos dos salários dos trabalhadores do PSD para o orçamento da Assembleia da República (AR).

“Ao atacarem-me a mim, estão a atacar a democracia toda”
Rui Rio, ex-líder do PSD, numa entrevista à SIC em que criticou duramente a atuação do Ministério Público

Prática transversal
Na ressaca das buscas da Polícia Judiciária (PJ), Rui Rio, que se notabilizou por defender que a política precisava de “um banho de ética”, sublinhou que esta é uma prática adotada por todos os partidos na AR. Ascenso Simões, ex-deputado do PS, não só corroborou a teoria como assegurou que “há décadas” que assim é.

Altas figuras intervêm
A propósito, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, explicou que estudou o tema no doutoramento, tendo concluído que os grupos parlamentares são órgãos dos partidos. E até Augusto Santos Silva, o socialista que é presidente da AR, lembrou que o Ministério Público (MP) tem o dever de esclarecer publicamente os cidadãos, criticando a violação do segredo de justiça que se traduziu num “crime em direto”.