Marina Gonçalves: do PS, para o PS, pelo PS

Marina Gonçalves é ministra da Habitação

Só vê militância. Miguel Alves, Rui Lages e Pedro Nuno Santos são as figuras da vida política da ministra da Habitação. Junta-se ao trio Carlos Falcão Gonçalves, o pai.

“Marina Gonçalves já não é só de Caminha, também é nacional.” A proclamação do socialista Miguel Alves (edição 986, de setembro de 2020 do jornal digital regional Caminh@2000), então presidente da Câmara da cidade minhota, celebrava a ascensão da amiga próxima a secretária de Estado da Habitação, a convite de Pedro Nuno Santos, ministro da tutela.

De então até hoje, muito muda. Miguel Alves é e deixa de ser, em breves dias, secretário de Estado Adjunto de António Costa, caindo em desgraça devido a 300 mil euros adiantados por conta de um pavilhão multiusos que nunca existiu, Rui Lages, que aos 27 anos (2015) era adjunto do gabinete de Eduardo Cabrita, recebe a liderança da autarquia caminhense e Pedro Nuno Santos, assumindo o ónus pelo pagamento de indemnização de meio milhão de euros a uma administradora da TAP, abandona o Governo. Incólume, apenas a proclamação de Alves, reforçada até a “dimensão nacional” de Marina, para equilíbrio de forças internas do partido e contentamento dos “pedronunistas” – a caminhense é nomeada ministra, feito realçado em notas laudatórias da JS local e da Comissão Política concelhia. “Orgulho.”

Miguel Alves, Rui Lages, Pedro Nuno Santos são as figuras da vida política da ministra da Habitação. Junta-se ao trio Carlos Falcão Gonçalves, o pai, ex-vereador, deputado municipal, tão discreto quanto influente dentro e fora do partido, a nível local. “É um grande orgulho para os pais e que faça um bom trabalho”, disse o advogado em 2022.

Rui Lages, Miguel Alves e Marina Gonçalves são compagnons de route. A Internet está cheia de fotografias do trio inseparável, em múltiplos eventos locais, sempre ao serviço do PS. Miguel Alves, ainda ao Caminh@2000, não poupa elogios. “Uma excelente profissional e uma política preparada”, advoga, contrariando vozes da oposição que veem na escalada veloz da socialista “tudo, menos pulso”. Chamam-lhe “produto do aparelho, sem experiência de vida que não seja a política partidária”.

Marisa Gonçalves dá os primeiros passos políticos na JS. “Extremamente dedicada, só via PS e militância.” Passos rápidos: licenciada em Direito pela Universidade do Porto, é chamada à assessoria jurídica do Grupo Parlamentar do PS. Em Lisboa, decide deixar a advocacia, apostando de vez na política. Percurso: adjunta de Pedro Nuno Santos na Secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares, membro efetivo da Comissão Política Nacional e secretária nacional da JS, Assembleia Municipal de Caminha, chefe de gabinete de Pedro Nuno Santos, deputada eleita pelo círculo de Viana do Castelo, vice-presidente do Grupo Parlamentar. Secretária de Estado da Habitação. Disse na altura: “Espero que [esta nomeação] represente o trabalho que tenho feito ao longo de quatro anos com Pedro Nuno Santos, com quem tenho confiança política e me identifico. Na sua forma de trabalhar, nomeadamente na Habitação”.

Aposta do então ministro, a quem admira e de quem se tornou “muito amiga”, reconhece “ alguma rapidez” na ascensão política, que em sete anos a levou de adjunta de secretário de Estado a ministra. “Esta vida política é sempre muito dinâmica”, disse ao site Caminh@2000 a ministra mais jovem de sempre em governos de Portugal (34 anos), batendo Assunção Cristas (36), Leonor Beleza (37) ou Mariana Vieira da Silva (39).

A braços com um pacote legislativo polémico à esquerda e à direita, tem passado as últimas semanas a repetir a definição legal de “casa devoluta” e a adocicar o arrendamento coercivo, sem sucesso. Há já quem lhe chame a ministra “o Estado não vai entrar na casa das pessoas”, promessa que não se cansa de repetir.

Marina Sola Gonçalves
Cargo:
ministra da Habitação
Nascimento: 23/04/1988 (34 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Caminha)