A visita do presidente do Brasil deu que falar desde o dia zero. Quando a contestação começava a acalmar, voltou a atiçar a discussão com declarações controversas sobre a guerra na Ucrânia. E nem uma ressalva posterior pôs fim à querela.
A celeuma inicial
A polémica estalou ainda em fevereiro quando, durante uma visita a Brasília, João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros, anunciou que Lula da Silva iria discursar no Parlamento, na sessão solene do 25 de Abril. Só que a Assembleia da República nem sequer tinha discutido a questão. E a indignação foi-se avolumando. Desde logo pelos problemas que o líder do Brasil teve com a Justiça nos últimos anos.
As declarações na China
A solução encontrada foi manter o discurso de Lula no Parlamento no dia 25 de abril, mas não na sessão comemorativa da data, antes numa sessão solene própria. Quando os ânimos pareciam, por fim, estar a serenar, Lula disse, durante uma visita à China, que os EUA tinham de parar de “incentivar a guerra”, apontando também culpas no cartório à União Europeia.
“No plano de Estado, não vou escolher os chefes de Estado com os quais me dou (…) de acordo com a concordância de políticas internas e externas. Era um drama”
Marcelo Rebelo de Sousa
Presidente da República
Direita ataca, PS à defesa
A tirada ecoou com estrondo por todo o Mundo, suscitando reações inflamadas. Também em Portugal, a saída deu que falar: o PSD pediu ao Governo que se demarcasse das declarações, IL e Chega insurgiram-se contra a presença de Lula no Parlamento. Jamila Madeira, vice-presidente da bancada do PS, respondeu que este tem procurado “fomentar a buscar pela paz”. Dias depois, o líder brasileiro condenou, pela primeira vez, “a violação de integridade territorial da Ucrânia”. Mas a polémica resiste.
64%
A percentagem de votos que Lula da Silva recebeu dos brasileiros residentes em Portugal, nas últimas eleições, que decorreram a 30 de outubro.
