Luís Guerreiro, o motard paciente

Luís Guerreiro é presidente do IAPMEI

As motas são uma paixão. Alentejano de Odemira, é calmo, e contido, mas só à primeira vista. Otimista com os pés no chão. Gosta de passar das palavras aos atos, não deixando para amanhã o que pode fazer hoje.

Diz a amigos que “quase todo ele” é alentejano. Paciente, calmo, descomplicado, teimoso, senhor das origens. Bom ouvinte, apreciador do trabalho de grupo, é reservado e contido à primeira vista. Mas as poucas falas desaparecem à mesa, lugar de culto interdito a telemóveis, onde se revela um bom contador de anedotas. Gostasse de “migas e papas” e seria “um alentejano perfeito”, afirmam amigos. Não lhe falta, sequer, o gosto pela confeção de petiscos. Raro é o sábado em que não vai ao Mercado do Livramento, em Setúbal, à procura de matéria-prima para a caldeirada.

É também ao fim de semana que dá azo a um antigo prazer – a Triumph Tiger 800 XC, todo-o-terreno de 193 quilos. Equipado a rigor. “Ele gosta sobretudo da adrenalina, da velocidade, da sensação de que se pode ir a todo o lado sem limitações.” Em viagens planeadas – Espanha ou Marrocos, países que percorreu em duas rodas. Ou por decisão tomada em cima da hora – Bairrada, para o leitão, a Évora, para a tradicional carne de porco. “Se tivéssemos de lhe dar um presente seria decerto algo ligado à mota”, concordam colaboradores.

Luís Guerreiro nasceu há 61 anos, em Vale de Santiago, terra de Odemira, em tempos pertença da ordem eclesiástica que lhe daria o nome. É uma freguesia do interior do concelho, situada entre o rio Sado e a ribeira de Campilhas, que abandonaria quando o pai, funcionário público, e a mãe, doméstica, trocaram o sul por São João da Madeira. Porém, apesar de ter apenas cinco anos, não perdeu a memória da planície, contacto restabelecido de vez quando, com a família, regressou ao sul. Setúbal, onde cresceu ao som de Jorge Palma, Xutos & Pontapés, Zeca Afonso, ainda hoje preferências musicais.

A engenharia resulta de uma vocação natural para “fazer e refazer, construir e desconstruir coisas”. Minas, “pela proximidade com a natureza”, dizem amigos.

Aluno do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, foi convidado para assistente estagiário mal concluiu a licenciatura. Pouco depois, entrou para chefe de setor de Planeamento Mineiro da Mina de Neves Corvo, em Castro Verde. Mais tarde, na petrolífera Partex, encontrou António Costa Silva, que conhecera na faculdade. À relação profissional juntou-se uma “forte amizade”. Homem de total confiança do ministro da Economia, assumiu as funções de adjunto de Costa Silva a 30 de março de 2022. “Os adjuntos são uma espécie de pau para toda a obra, assessores que acompanham os ministros para todo o lado e preparam os diferentes dossiês”, revela fonte do ministério. Onde era dos primeiros a chegar, depois de uma passagem pelo ginásio, que frequenta por obrigação.

“Com gosto”, garantem amigos, assumiu agora a presidência da Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI), criada em 1975 e “destinada a promover a competitividade e o crescimento empresarial das pequenas e médias empresas, visando o reforço da inovação do empreendedorismo”. Qual a ligação do engenheiro de minas à inovação? “A Partex é muito mais do que uma empresa petrolífera. Investe muito na inovação. O Luís é uma pessoa extremamente interessada e curiosa.” Geriu vários projetos de investigação e inovação com universidades nacionais e estrangeiras, assinala o currículo apresentado no site do IAPMEI.

“É um otimista com os pés no chão. Gosta de passar das palavras aos atos, não deixando para amanhã o que pode fazer hoje. É um líder que faz parte da equipa, capaz de ouvir, mas com atitude disruptiva perante o status quo, agora numa casa com alguns vícios, que necessita de frescura e revitalização.”

O currículo realça a “liderança de equipas multidisciplinares responsáveis pela operação, produção, estudos técnico -económicos de pesquisa e avaliação de recursos naturais”. Lecionou e fez palestras no Instituto Argelino de Petróleo, na Agência Nacional de Petróleo do Brasil, na Companhia Onshore de Petróleos de Abu Dhabi, na Companhia Nacional de Petróleos do Bahrain. Tem três filhos.

Luís Filipe Pratas Guerreiro
Cargo:
presidente do IAPMEI
Nascimento: 04/04/1961 (61 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Odemira)