Insubordinação no Mondego agita as águas

Existem dois processos de averiguações a decorrer, na sequência do caso

Recusa de 13 militares da Marinha em cumprir missão de acompanhamento de navio russo continua a dar que falar. Em causa, os processos de averiguações, a alegada falta de condições de segurança, a falta de investimento nas Forças Armadas. E até uma discussão sobre supostas expectativas presidenciais.

Inquérito contestado
Um inquérito ao navio “NRP Mondego”, conduzido pela Marinha dias depois do ocorrido, concluiu que havia condições para levar a cabo a missão. Mas os advogados dos 13 militares em causa reagiram ao “veredicto” com fortes acusações. “Há indícios de prova que foram apagados”, defenderam, referindo mesmo um suposto avião carregado de material que terá voado para o Funchal, para fazer reparações no navio.

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O número de processos de averiguações a decorrer, na sequência do caso: um processo disciplinar, levado a cabo pela própria Marinha; um processo de foro criminal, que está a ser conduzido pela Polícia Judiciária Militar.

“Tudo isto me desgostou profundamente enquanto militar e enquanto cidadão”
António Ramalho Eanes
Ex-presidente da República e antigo chefe do Estado-Maior do Exército

Turbilhão de reações
Na sequência da polémica, PSD, IL e Chega pediram para ouvir a ministra da Defesa, Helena Carreiras, no Parlamento. Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, recusou inicialmente comentar o caso, mas depois vincou que “nas Forças Armadas, o princípio da disciplina é muito importante”. E que mantém a confiança em Gouveia e Melo, chefe do Estado-Maior da Armada. As associações militares aproveitaram para alertar para a falta de efetivos e de manutenção dos equipamentos.

Presidenciais em pano de fundo
O almirante Henrique Gouveia e Melo tem sido protagonista incontornável desta polémica, tanto pela forma como deu uma reprimenda pública aos militares, como por declarações feitas ao “Nascer do Sol”, em que interpretou o “circo” à volta do caso como uma consequência da “popularidade” que lhe tem sido atribuída. Em resposta, muitos o têm acusado de estar a conduzir este caso a reboque de ambições políticas, com as próximas eleições presidenciais como pano de fundo.