Humberto Delgado, um aeroporto que já nasceu pequeno

A "Máquina do Tempo" desta semana recorda algumas curiosidades do Aeroporto de Lisboa nos primeiros anos de atividade.

Já nasceu pequeno, mas mais pequeno ficou com os anos. O aeroporto de Lisboa, na Portela de Sacavém, entrou ao serviço a 19 de outubro de 1942, em plena Segunda Guerra Mundial. Para ser o primeiro hangar internacional do país, as curiosidades, à luz dos dias de hoje, eram muitas. Naquele ano de estreia, viajaram 2863 passageiros, uma ínfima parte dos quase 40 milhões atingidos nos últimos anos, no agora Aeroporto Humberto Delgado.

A 9 de abril de 1944, foi inaugurado o serviço de autocarros da Carris, com quatro veículos ao serviço. Em finais de 1946, já se faziam ali 30 ligações aéreas. Com o tráfego a aumentar, criaram-se mais infraestruturas. Assim nasceram, promovidos pelo industrial hoteleiro Alexandre Almeida, o bar, a cantina e o restaurante. Este último podia servir até cem pessoas de uma só vez, numa sala envidraçada, com vista para a pista, pois claro, onde não faltava até uma esplanada, com guarda-sóis.

O preço das refeições não era para qualquer bolso. No andar inferior, o bar, que operava com um consumo mínimo de cinco escudos, a deduzir na despesa final. Ao lado, a cantina servia as tripulações. Primeiro só tinha uma pista, depois duas. Pistas de um quilómetro, que só mais tarde passaram a dois. E, em agosto de 1947, já com a TAP a operar, um só voo diário de uma hora e 15 minutos assegurava a viagem entre Lisboa e Porto, que custava 280 escudos (cerca de 1,40 euros ao câmbio atual) ou 504 escudos (cerca de 2,50 euros), se fosse de ida e volta. As muitas voltas que se deram desde que abriu mais as muitas voltas que se darão até encerrar. E para já, isso apenas é uma miragem.