
Filipa Homem, designer de moda, faz peças de porcelana decorativas e utilitárias. Como um puzzle na cabeça. O seu projeto acaba de nascer.
Em 2018, Filipa Homem estava em Londres a trabalhar na sua arte, como designer de moda, e apeteceu-lhe fazer coisas com as mãos, inscreveu-se num workshop na área de cerâmica. Adorou. O tempo foi passando, mas não a vontade de experimentar um outro território artístico. Neste momento, está a terminar o curso de Cerâmica no Ar.Co, Centro de Arte & Comunicação Visual, em Lisboa. Designer de moda freelancer, trabalha para várias marcas (Burel, Zippy, entre outras), professora na Faculdade de Arquitetura de Lisboa, criou “hOmem Project” há pouco mais de um mês. Com criatividade e amor.
As suas ideias projetam-se em peças coloridas: jarras, copos, pratos, vasos, bules, camisolas, chapéus. “Vejo as formas em cor.” Como na moda. Começou com grés, passou para a porcelana. “É muito mais macia, mais agradável ao toque. A porcelana, só por si, já é bonita e permite puxar mais pela cor.”
Peça a peça, tudo à mão. Objetos únicos e “irrepetíveis”. Ora decorativos, ora utilitários. Ou ambos. As camisolas, compradas numa loja de segunda mão, de lã ou de algodão, mergulhadas em porcelana, manipuladas e levadas ao forno, nascem para adornar uma parede, uma prateleira, um móvel, o que se quiser. Os chapéus também. Pratos e copos têm a sua função. As jarras podem ter ou não flores. “As peças partem sempre de uma ideia conceptual”, observa. Usa tubos e canos que encontra por aí, na rua, no lixo, parte-os ao meio, faz moldes e daí nascem jarras de vários feitios, altas e esguias, baixas e rechonchudas, mais direitas, menos retilíneas. “A forma tem de me dizer alguma coisa. A maneira como penso a cerâmica é como se fosse um puzzle”, explica. A partir daí tudo pode surgir. Formas engraçadas, peças com texturas.
Não havia volta a dar. “Quando temos muita vontade, as coisas acontecem”, confessa. Mergulhou na arte sem grandes expectativas, apenas pelo puro prazer de concretizar um desejo e alhear-se da rotina, do que faz habitualmente, por alguns momentos. “Queria usar mais as mãos.” Aconteceu tudo naturalmente, com a liberdade que ansiava, com o que queria utilizar para dar corpo aos pensamentos que anotava em cadernos ou que não lhe saíam da cabeça. Está a correr bem.
Escreve hOmem assim. Em miúda, escrevia o h do seu apelido materno com letra minúscula. Nos cartões de visita, o O de hOmem é um furo, um buraco, um redondo transparente. Diz que a sua marca é versátil. Hoje é cerâmica, amanhã pode ser outra coisa ou mais qualquer coisa. “Não a vejo como uma marca só de cerâmica, a marca é plástica. Para o ano, posso estar a fazer mantas.”
As peças de porcelana estão à venda no Kintu Studio, em Lisboa, em breve no Depozito, através do site e das redes sociais para qualquer ponto do país e do Mundo. A partir de 20 euros.