A rubrica "Máquina do Tempo" desta semana fala dos tempos em que a publicidade também se fazia de obras como a história do nosso país. Mas, olhando em retrospectiva, os últimos desenvolvimentos são tudo menos episódios de orgulho nacional.
“A Proclamação da República, em 5 de Outubro de 1910, foi um acontecimento de decisiva importância na História de Portugal. Com ele se iniciou, na vida e na evolução do povo português, uma época nova, assinalada por episódios relevantes.”
O texto figura no livro “História da República”, da Editorial Século. Aqui, uma publicidade a esse “êxito nacional” publicada a 19 de maio de 1967 na “Vida Mundial”: documentário semanal da imprensa.
A dita edição da “História da República” continha 644 páginas. Profusamente ilustradas a preto e branco e a cores, a custar uns módicos 300 escudos (cerca de 1,50 euros, ao câmbio atual), mas com facilidade de pagamento. “Um preço vulgar para uma obra de vulto.”
Nos dias que correm, o “êxito nacional” foge-nos. As instituições da República e da Democracia apresentam-se manchadas de negro. Vulgarizaram-se o respeito e a decência, assim como a credibilidade de quem deveria defender a causa pública e o nome de Portugal.
As crises política, económica e social que atravessamos parecem ser, tantas décadas depois, o tal seguimento dos acontecimentos decisivos do país. Episódios relevantes que apenas mostram a indecorosa sensação de desnorte a que nos votam a todos enquanto cidadãos. E nem de facilidade de pagamento gozamos. Mas há quem pareça gozar connosco. As tais figuras de vulto que governam Portugal.