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Guia para evitar que os patudos destruam a casa e o jardim

Fotos: Freepik

Associar a presença do dono à brincadeira é meio caminho andado para evitar danos maiores quando estamos fora

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Roer, escavar, cravar as unhas no sofá é normal. Mas há dicas para contrariar o aborrecimento. Brinquedos, muitos. E, no caso dos cães, passear para gastar energia é palavra de ordem.

“Os animais, como as crianças, são destruidores, porque é a forma de conhecerem o Mundo. E não têm um interruptor que liga e desliga conforme nos dá jeito.” Ilda Gomes Rosa, professora de Comportamento e Bem-Estar Animal, na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, deixa já o ponto assente, como quem garante que não há milagres. Mas se é certo que roer, afiar as unhas ou escavar é normal e faz parte, também é garantido que há formas de prevenir os estragos. Para quem tem cães ou gatos em casa, eis um rol de estratégias para evitar ter o sofá, o jardim ou os sapatos feitos num caco. “Não se pode querer que um gato deixe de ir para cima dos armários e atire coisas ao chão ou que um cão deixe de destruir almofadas. Podemos é tentar ensinar a destruir as coisas certas.”

Primeiro, criar rotinas bem estabelecidas, para que os animais gastem energia sobretudo nas alturas em que estamos em casa. Associar a presença do dono à brincadeira é meio caminho andado para evitar danos maiores quando estamos fora. “Custa-nos muito levantar às seis da manhã para passear o cão e passar algum tempo a brincar, mas as rotinas têm que ser cumpridas. Mesmo assim, não podemos esperar que um cão fique sozinho em casa oito a dez horas sem fazer asneiras.” O gasto de energia no passeio já é uma ajuda. O ideal é passear três vezes por dia (para quem pode ir a casa à hora de almoço), no mínimo duas. E o passeio deve durar pelo menos meia hora com brincadeiras à mistura.

Depois, refere Ilda Gomes Rosa, pode-se treinar o cão a ter um espaço próprio, uma zona espaçosa da casa onde se pode manter, instalando uma grade e “uma cancela boa, porque eles aprendem a abrir rapidamente”. “Isto facilita quando temos que sair para que ele não sinta um stresse tão grande.” Até porque é sabido que “o animal não entende que aquele sofá nos custou milhares de euros, e o cortinado a mexer é um brinquedo tão giro”.

As creches também podem ser uma opção. “Ou alguém da família que não se importe de ficar com o animal durante o dia.” Não sendo possível, há uma certeza: o aborrecimento é o melhor amigo da destruição. Por isso, o segredo é garantir-lhes entretenimento. Teresa Ribas, médica-veterinária que trabalha na área do comportamento animal, sugere comprar bons brinquedos. “E ir girando. Se temos seis brinquedos, num dia deixar três disponíveis e no outro os outros três, de maneira a que eles não fiquem aborrecidos.” Aliás, o incentivo a que se entretenham com os brinquedos é algo que deve começar desde cedo, “porque permite direcionar desde o princípio para determinado tipo de brincadeiras”.

Aqui, Teresa Ribas faz um alerta. “Sempre que um cão bebé destrói um chinelo, o dono deve tirar-lhe logo o chinelo. Há aquela ideia de que já estando estragado, deixa ficar. Mas os animais não sabem discriminar e depois não vão perceber a diferença entre um chinelo estragado e um novo. Não se deve deixar brincar com objetos que os donos não querem que eles destruam, mesmo que já estejam destruídos.”

No caso dos gatos, começar por tirar objetos de cima dos armários e apostar em tapetes de sisal ou bons arranhadores – há feromonas específicas que se colocam nos arranhadores para os direcionar. Neste campo, é fundamental ensinar desde bebé a arranhar no sítio próprio e não no sofá. Pode não funcionar a 100%, mas sempre que o dono se apercebe que o gato vai arranhar o sofá, pôr logo aí um arranhador pode resultar (e atenção, cortar as unhas leva a que arranhem ainda mais, para as afiar). Nos brinquedos, os gatos são exigentes, ir variando é crucial para não ficarem entediados. “Caixas de papel para se esconderem, espalhar brinquedos que são dispensadores de comida pela casa para andarem à procura, prateleiras altas, túneis.”

Já relativamente ao jardim, se é simples impedir que os gatos tenham acesso mantendo-os em casa, há que arranjar estratégias para que os cães não escavem, não destruam os canteiros, não arranquem ramos. É difícil evitar? É, porém há dicas. Ter vedações é uma possibilidade, como o é espalhar cascas de laranja ou limão, já que os animais tendem a não gostar dos odores cítricos. “Mas o ideal é ter uma zona específica no jardim onde eles possam brincar livremente e premiar, com um petisco por exemplo, sempre que brincam nessa zona”, aponta Teresa Ribas. Há até quem use caixas de areia. Ou seja, “ensinar logo à partida que naquele espaço delimitado pode brincar, procurando passar tempo com o cão a brincar aí para ele saber que é aí que pode escavar”.

Apesar de tudo, é bom ter em conta que há animais que destroem tudo e que nem sempre estas estratégias resultam. Resta ir tentando e ter consciência que a casa não mais será a mesma.