
Mercenários russos revoltaram-se contra altos comandos militares do país e marcharam na direção de Moscovo. Acabaram por recuar, depois de percorrerem centenas de quilómetros sem grande oposição. Mas as marcas do episódio ficam.
O rastilho
Há meses que Prigozhin, líder do grupo Wagner, tecia críticas públicas às altas patentes das forças russas. A tensão cresceu com a recusa dos mercenários em assinar contratos com o Ministério da Defesa e disparou após um alegado ataque dos militares ao grupo de Prigozhin. Os paramilitares prometeram então uma rebelião para salvar a Rússia.
Ameaça de curta duração
No entanto, ao cabo de 24 horas, e com a intermediação de Aleksandr Lukashenko, presidente da Bielorrússia, pelo meio, a coluna militar que rumava a Moscovo acabou por desistir da marcha. Yevgeny Prigozhin garante que o fez para evitar “um banho de sangue” e que a intenção nunca foi depor o governo russo, mas antes evitar o desmantelamento do grupo Wagner.
“Inimigos […] queriam que a Rússia sufocasse numa sangrenta guerra civil”
Vladimir Putin
Presidente da Rússia
Wagner cai, Kremlin treme
Na reação ao sucedido, Putin deixou implícito o fim do grupo Wagner (pelo menos, nos moldes em que funcionou até aqui). No entanto, vários analistas têm interpretado a insurreição como um sinal de que a liderança russa está altamente fragilizada.
922
milhões de euros (86 262 mil milhões de rublos) é o montante que o grupo Wagner terá recebido de Moscovo no espaço de um ano. Isso mesmo foi garantindo por Putin. Note-se que, até à guerra na Ucrânia, o Kremlin negou sempre qualquer ligação aos mercenários.