Gelados vegan: o nicho que já não é tão nicho assim

Estão em geladarias artesanais, em restaurantes, hipermercados. Há de muitos sabores e, sim, vieram para ficar.

De frutas, de chocolate, de pistácio, de caramelo. Há de todos os sabores e mais alguns – claro, excluindo de nata – e o nicho tem vindo a crescer à boleia das geladarias artesanais que apostam nesta oferta (só em Portugal há largas centenas delas) e de consumidores cada vez mais seletivos. Nem todos são vegan, alguns só não consomem leite, em muitos casos porque são intolerantes à lactose. Os gelados vegan vieram para ficar e Vítor Carvalho, fundador da Escola do Gelado, que abriu em 2016 em Vila Nova de Gaia e entretanto também em Albufeira, pode testemunhá-lo. “Na geladaria tradicional, sempre existiram os sorvetes feitos com fruta. Fruta a sério, não falo de concentrados e polpas que se usam a nível industrial. Aliás, os primórdios dos gelados começam aí. Os primeiros que se inventaram eram uma mistura de gelo com frutas”, explica o geladeiro artesanal. Seguindo essa lógica, a produção de gelados vegan tem vindo a crescer. “Entre os meus alunos, posso dizer que mais de 50% quer fazer gelados vegan para explorar esse mercado.”

E não, estes gelados não se limitam a fruta e água, são um universo rico, haja criatividade nas receitas e sabedoria na escolha dos ingredientes. “É preciso encontrar alternativas não lácteas que tenham um comportamento semelhante às natas de base animal, para conseguirmos a cremosidade. As gorduras vegetais, as natas vegetais. E consegue-se fazer imensa coisa.” Até gelado de chocolate, porque também se faz chocolate com gordura vegetal. O mercado agigantou-s e as grandes cadeias de hipermercados também já têm oferta, Continente, Auchan, Mercadona. Vítor Carvalho está, agora, a desenvolver para um hipermercado uma linha de gelados vegan artesanais. “É óbvio, os gigantes têm estudos de mercado, diria que na população adulta há cada vez mais pessoas a deixar de consumir leite.” Neste universo dos gelados vegan, Portugal não fica na sombra. Basta ver que a loja portuguesa Scoop ‘n Dough alcançou, em 2022, o primeiro lugar na lista “As 10 Melhores Geladarias Vegan do Mundo” da plataforma para vegetarianos e veganos Happy Cow.

O fenómeno também se explica com o segmento dos gelados artesanais a borbulhar e a querer inovar. “O consumidor final já começa a interpretar o gelado como um alimento saudável ao invés de uma guloseima. Há esforços para não usar gordura, não usar açúcares”, sublinha Vítor. De facto, o mercado dos gelados está a alta velocidade e, segundo projeções da multinacional de dados Statista, em Portugal deverá atingir os 268 milhões de euros em 2025. O que prova que não só em Itália, centro mundial da geladaria de luxo, se fazem bons gelados. E, claro, os veganos também têm direito ao deleite. Afinal, quem é que não gosta de comer um gelado?